quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Séculos e Dispensações



Séculos e Dispensações

Paulo usou as palavras “dispensação” e “século” neste primeiro capítulo de Efésios (vs. 10, 21). Estas palavras não são a mesma coisa, e podem ser distinguidas da seguinte forma: Um “século” é uma época ou período que já transcorreu, está transcorrendo ou irá transcorrer o seu curso na Terra. Tais períodos são chamados “os tempos dos séculos” (2 Tm 1:9; Tt 1:2; Rm 16:25 – JND). O Senhor falou de dois séculos em Seu ministério: “neste século” e “no futuro” (Mt 12:32). “Este século” era o século mosaico que começou no Sinai e estava transcorrendo ao tempo da primeira vinda do Senhor. Quando Ele foi rejeitado e expulso deste mundo, este século se tornou “o presente século mau”, porque os “príncipes deste século” cometeram o maior pecado de crucificar o Senhor da glória (Gl 1:4; 1 Co 2:6, 8).
                   Este século mosaico ainda está em curso hoje. A vinda do Espírito Santo e a introdução do Cristianismo não trouxeram fim à era mosaica, nem deu início a um novo século (era). Atualmente, Deus está chamando crentes de entre os judeus e os gentios para fazerem parte da Igreja (At 15:14, 26:17). Aqueles que creem no evangelho de Sua graça hoje, são livrados “do presente século mal”, e não fazem mais parte dele, em relação a sua posição diante de Deus (Gl 1:4). Assim, a Igreja não tem conexão com a Terra e seus tempos e, portanto, falar deste tempo presente como “a era da Igreja” (como alguns Cristãos fazem) não é doutrinariamente correto.
                   A Igreja está na Terra neste momento atual como uma peregrina em seu caminho para o seu lar celestial; seu chamado, caráter e destino são todos celestiais. Como a Igreja ainda está na Terra e passando por “este século”, o qual é marcado pelo mal, as exortações do apóstolo são para nos manter separados de seu caráter e maneiras. Nós devemos viver “neste presente século sóbria, e justa, e piamente” (Tt 2:12). Os crentes devem rejeitar a sabedoria deste século, porque “tornou Deus louca a sabedoria deste mundo” (1 Co 1:20). E também os Cristãos materialmente “ricos desde mundo” são advertidos a não permitir serem caracterizados por este século, e confiarem na “incerteza das riquezas” (1 Tm 6:17). Eles devem distribuir suas posses e, assim, estabelecer “para si mesmos um bom fundamento para o futuro” (1 Tm 6:18-19). É triste dizer que alguns Cristãos hoje estão se afastando de sua firmeza, e estão amando “o presente século” e, como resultado, eles estão se estabelecendo no mundo. Demas é um exemplo disso (2 Tm 4:10).
                   Alguns têm pensado que o presente chamado de Deus pelo evangelho colocou a era mosaica em suspenso, e que ela não vai recomeçar até algum dia futuro. No entanto, ela ainda está em curso na Terra, e a Lei ainda tem sua “aplicação” aos homens na carne neste século, no sentido de magnificar seus pecados e mostrar-lhes sua necessidade de um Salvador (1 Tm 1:8-10; Rm 3:19). A Lei, é claro, não tem aplicação para Cristãos os quais são vistos como tendo morrido com Cristo. A Lei não está morta; é o Cristão que está morto para a Lei. A Lei, portanto, não tem nada o que fazer com eles (Rm 7:4, 6).
                   Sabemos, pelas Escrituras proféticas, que este presente século terá pelo menos sete anos a mais, depois que a Igreja for chamada para o céu. Esses anos serão cumpridos na septuagésima semana de Daniel (Dn 9:27). Este século está atualmente sob o controle de Satanás, que é seu deus e príncipe (2 Co 4:4; Ef. 2:2), e está indo para o juízo. Ele se encerrará na Aparição de Cristo, no que é chamada “a consumação do século” (Mateus 13:39-40 – ARA, 49, 24:3, 28:20). Naquele tempo, o Senhor trará “o século futuro”, que é o Milênio (Mt 12:32; Mc 10:30; Ef 1:21; Hb 2:5, 6:5). Quando tiver transcorrido o curso de 1.000 anos do Milênio, o Estado Eterno será introduzido. A Escritura o chama de “séculos dos séculos [para todo o sempre] (Gl 1:5; Ef 3:21; 1Tm 1:17; 1 Pe 5:11; Ap 5:13, 22:5). (ATB [ARC])
                   A palavra “dispensação” significa “a administração de uma casa” ou “uma economia” ou “uma lei doméstica”. No sentido de que é usado em Escritura, é um tratamento de Deus, publicamente ordenado com os homens na administração de Seus caminhos durante várias épocas. Parece haver três dispensações principais (veja Concise Bible Dictionary, George Morrish – BTP, pág. 216-217).
                   A primeira delas é a Dispensação da Lei. Este foi um tratamento ordenado por Deus com os homens (a nação de Israel), pelo qual as exigências da Lei deviam ser cumpridas pelo povo, a fim de que eles andassem em comunhão com Deus. Houve três fases nessa dispensação:

  • Cerca de 400 anos sob os Juízes (desde a entrada de Israel em Canaã até o fim dos Juízes – At 13:19-20).
  • Cerca de 500 anos sob reinados (desde o rei Saul ao cativeiro babilônico).
  • Cerca de 600 anos de testemunho profético durante os Tempos dos gentios (desde o cativeiro babilônico até João Batista – Lc 16:16)


                   A segunda grande dispensação é a presente “dispensação da graça de Deus” (Ef 3:2). Também pode ser chamada “a dispensação do mistério” (Ef 3:9). A manifestação da graça realmente começou com o ministério de nosso Senhor Jesus Cristo (Jo 1:17), mas quando o Seu povo terrenal (Israel) O rejeitou, Deus ampliou a presente dispensação da graça no chamado celestial da Igreja, que começou com a vinda do Espírito Santo no Pentecostes (At 2:1-4, 11:15). Isso é uma ordenação de Deus completamente diferente, pertencente a uma companhia celestial de pessoas que estão agora sendo chamadas de entre os judeus e gentios, para fazerem parte de algo novo, celestial – a Igreja de Deus (At 15:14, 26:17). A responsabilidade do verdadeiro ministério Cristão hoje é “promover a dispensação de Deus” (JND), ajudando os santos a entenderem suas bênçãos celestiais em Cristo e os seus grandes privilégios que estão n’Ele (1 Tm 1:4).
                   A terceira grande dispensação ainda está por vir – “a dispensação da plenitude dos tempos” (Ef 1:10). Esta será uma ordenação especial de Deus para os homens durante o reinado milenar de Cristo.

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                   Paulo usa a palavra “século” nesta epístola para denotar três diferentes coisas:

  • “Este século” (Ef 1:21) – os dias atuais
  • O século “vindouro” (Ef 1:21) – o Milênio.
  • “Os séculos dos séculos [todo o sempre] (Ef 3:21 – ATB) – o estado eterno quando não haverá tempo.


                   Paulo também fala de duas dispensações nesta epístola:

  • “A dispensação da plenitude dos tempos” (Ef 1:10) – uma ordenação especial de Deus durante o reino milenar de Cristo.
  • “A dispensação da graça de Deus” (Ef 3:2) – uma ordenação celestial especial de Deus para aqueles que creem no evangelho da Sua graça e são, portanto, parte da Igreja de Deus.


                   Em resumo, um “século” é um período de tempo, e uma “dispensação” é uma economia (administração) moral e espiritual de Deus em relação aos homens, durante certo período de tempo.

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