A MANEIRA DE DEUS EM FAZER
CONHECIDO O MISTÉRIO PELO APÓSTOLO PAULO
(Capítulo 3)
Neste
capítulo temos um importante parêntese entre a verdade doutrinal da epístola
(caps. 1-2) e suas exortações práticas (caps. 4-6). Neste capítulo o apóstolo
estabelece sua autoridade para ensinar o “mistério
de Cristo”. Paulo sabia que os judeus teriam alguns sérios equívocos com o
que ele estava ensinando. Então ele se desvia do assunto num parênteses para
explicar a verdade do Mistério mais detalhadamente, e também para dar o caráter
peculiar de sua missão em trazê-lo aos santos. Seu propósito aqui era o de
esclarecer alguns dos equívocos que os judeus iriam naturalmente ter com a sua
doutrina.
Até agora na epístola Paulo
falou de algo novo que Deus estava fazendo ao formar a Igreja de Deus, na qual
não há judeu nem gentio (cap. 2:14-16). Ele também ensinou que aqueles que têm
parte nesta nova companhia de crentes estão em uma posição diante de Deus que é
superior à dos santos do Velho Testamento – estar no lugar do próprio Filho
(cap. 1:4-6). E que a grande maioria desses crentes é gentia! Isto, compreensivelmente,
era um potencial tropeço aos judeus. Eles tinham seus pensamentos e sentimentos
formados nas Escrituras do Velho Testamento, que prometiam que seu Messias
reinaria na Terra sobre Israel, com as nações gentias sujeitas a eles. O que
Paulo estava ensinando parecia colocar de lado tudo o que as Escrituras do
Velho Testamento antecipavam.
Parecia que ele estava
falando depreciativamente dos dignitários do Velho Testamento, tais como:
Abraão, Isaque e Jacó, etc. Quão inconcebível isso era em suas mentes de que
Paulo pensasse que os gentios poderiam ter um lugar diante de Deus maior que o
de Abraão! E, se tudo isso fosse verdade, o que seria agora das promessas?
Estavam anuladas e invalidadas? Para a mente judaica, mergulhada em esperanças
judaicas, parecia que Paulo era um renegado que estava ensinando coisas que
eram claramente contrárias às Escrituras.
As distinções de judeus e gentios
sendo colocadas à parte na Igreja (Gl 3:28, 6:15; Cl 3:11) eram demais para o
judeu legalista.
A verdade que Paulo ensinou
era particularmente odiosa para os judeus porque os colocava no mesmo terreno
com os gentios quanto à necessidade de salvação (At 15:11). Isto tocava no seu
orgulho nacional. Como resultado, eles se tornaram os principais antagonistas de
Paulo em sua proclamação do Mistério. Era como se eles dissessem para Paulo, “Se
você continuar ensinando que gentios vão ter um lugar no céu melhor do que o de
Abraão, Isaac, e Jacó, nós vamos te matar!” Na estimativa deles, alguém que fosse
aos gentios proclamando tais coisas não era digno de viver (At 22:21-22). Os judeus
tiveram sucesso em fazer exatamente isso ao colocarem os Romanos contra Paulo
os quais, finalmente, o mataram. Se Paulo tivesse pregado um evangelho que desse
aos gentios um lugar inferior de bênção do que o dos judeus, ele não teria sido
tão amargamente atacado.
Os judeus precisavam entender
que os ensinamentos de Paulo de maneira alguma contrariavam as promessas de
Deus para Israel. Todas aquelas promessas seriam cumpridas quando seu Messias
viesse para reinar no mundo vindouro. No presente, a nação de Israel foi
temporariamente colocada de lado nos caminhos de Deus por causa da sua rejeição
de Cristo, seu Messias. As suas próprias Escrituras ensinam que haveria uma
suspensão em Seus tratamentos com eles por essa causa (Sl 69:1-28; Dn 9:26; Mq
5:1-3; Zc 11:4-14, etc.). Deus não Se esqueceu de Israel e retomará com eles num
dia futuro para trazê-los à bênção, em conformidade com as promessas do Velho
Testamento. O que Paulo estava ensinando não colocava nem um pouco de lado
aquela esperança. Ele estava ensinando que, nesse
meio tempo, enquanto estivesse havendo uma pausa ou suspensão nos
tratamentos de Deus com a nação, Deus chamaria crentes pelo evangelho de entre
os judeus e os gentios, para formar uma nova companhia (a Igreja), a qual teria
bênçãos celestiais e um destino celestial com Cristo, quando Ele reinar em Seu
reino num dia vindouro. Isso não contraria o plano de Deus para abençoar Israel
como Ele prometeu. A chave para entender isso é perceber que Deus não está
substituindo as promessas a Israel pelo chamado da Igreja – uma doutrina
errônea chamada “Teologia da Substituição”. Nem Ele está instituindo o chamado
da Igreja para glória celestial e o chamado de Israel para bênção milenar na Terra
ao mesmo tempo. O chamado de Israel está agora em suspenção, enquanto o chamado
celestial da Igreja está acontecendo (Rm 11). Isso exigiu algumas explicações
adicionais, daí a necessidade dessa mudança no assunto.
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