sábado, 4 de agosto de 2018

Cap. 3 - A MANEIRA DE DEUS EM FAZER CONHECIDO O MISTÉRIO PELO APÓSTOLO PAULO

A MANEIRA DE DEUS EM FAZER CONHECIDO O MISTÉRIO PELO APÓSTOLO PAULO
(Capítulo 3)


Neste capítulo temos um importante parêntese entre a verdade doutrinal da epístola (caps. 1-2) e suas exortações práticas (caps. 4-6). Neste capítulo o apóstolo estabelece sua autoridade para ensinar o “mistério de Cristo”. Paulo sabia que os judeus teriam alguns sérios equívocos com o que ele estava ensinando. Então ele se desvia do assunto num parênteses para explicar a verdade do Mistério mais detalhadamente, e também para dar o caráter peculiar de sua missão em trazê-lo aos santos. Seu propósito aqui era o de esclarecer alguns dos equívocos que os judeus iriam naturalmente ter com a sua doutrina.
                   Até agora na epístola Paulo falou de algo novo que Deus estava fazendo ao formar a Igreja de Deus, na qual não há judeu nem gentio (cap. 2:14-16). Ele também ensinou que aqueles que têm parte nesta nova companhia de crentes estão em uma posição diante de Deus que é superior à dos santos do Velho Testamento – estar no lugar do próprio Filho (cap. 1:4-6). E que a grande maioria desses crentes é gentia! Isto, compreensivelmente, era um potencial tropeço aos judeus. Eles tinham seus pensamentos e sentimentos formados nas Escrituras do Velho Testamento, que prometiam que seu Messias reinaria na Terra sobre Israel, com as nações gentias sujeitas a eles. O que Paulo estava ensinando parecia colocar de lado tudo o que as Escrituras do Velho Testamento antecipavam.
                   Parecia que ele estava falando depreciativamente dos dignitários do Velho Testamento, tais como: Abraão, Isaque e Jacó, etc. Quão inconcebível isso era em suas mentes de que Paulo pensasse que os gentios poderiam ter um lugar diante de Deus maior que o de Abraão! E, se tudo isso fosse verdade, o que seria agora das promessas? Estavam anuladas e invalidadas? Para a mente judaica, mergulhada em esperanças judaicas, parecia que Paulo era um renegado que estava ensinando coisas que eram claramente contrárias às Escrituras.
                   As distinções de judeus e gentios sendo colocadas à parte na Igreja (Gl 3:28, 6:15; Cl 3:11) eram demais para o judeu legalista.
                   A verdade que Paulo ensinou era particularmente odiosa para os judeus porque os colocava no mesmo terreno com os gentios quanto à necessidade de salvação (At 15:11). Isto tocava no seu orgulho nacional. Como resultado, eles se tornaram os principais antagonistas de Paulo em sua proclamação do Mistério. Era como se eles dissessem para Paulo, “Se você continuar ensinando que gentios vão ter um lugar no céu melhor do que o de Abraão, Isaac, e Jacó, nós vamos te matar!” Na estimativa deles, alguém que fosse aos gentios proclamando tais coisas não era digno de viver (At 22:21-22). Os judeus tiveram sucesso em fazer exatamente isso ao colocarem os Romanos contra Paulo os quais, finalmente, o mataram. Se Paulo tivesse pregado um evangelho que desse aos gentios um lugar inferior de bênção do que o dos judeus, ele não teria sido tão amargamente atacado.
                   Os judeus precisavam entender que os ensinamentos de Paulo de maneira alguma contrariavam as promessas de Deus para Israel. Todas aquelas promessas seriam cumpridas quando seu Messias viesse para reinar no mundo vindouro. No presente, a nação de Israel foi temporariamente colocada de lado nos caminhos de Deus por causa da sua rejeição de Cristo, seu Messias. As suas próprias Escrituras ensinam que haveria uma suspensão em Seus tratamentos com eles por essa causa (Sl 69:1-28; Dn 9:26; Mq 5:1-3; Zc 11:4-14, etc.). Deus não Se esqueceu de Israel e retomará com eles num dia futuro para trazê-los à bênção, em conformidade com as promessas do Velho Testamento. O que Paulo estava ensinando não colocava nem um pouco de lado aquela esperança. Ele estava ensinando que, nesse meio tempo, enquanto estivesse havendo uma pausa ou suspensão nos tratamentos de Deus com a nação, Deus chamaria crentes pelo evangelho de entre os judeus e os gentios, para formar uma nova companhia (a Igreja), a qual teria bênçãos celestiais e um destino celestial com Cristo, quando Ele reinar em Seu reino num dia vindouro. Isso não contraria o plano de Deus para abençoar Israel como Ele prometeu. A chave para entender isso é perceber que Deus não está substituindo as promessas a Israel pelo chamado da Igreja – uma doutrina errônea chamada “Teologia da Substituição”. Nem Ele está instituindo o chamado da Igreja para glória celestial e o chamado de Israel para bênção milenar na Terra ao mesmo tempo. O chamado de Israel está agora em suspenção, enquanto o chamado celestial da Igreja está acontecendo (Rm 11). Isso exigiu algumas explicações adicionais, daí a necessidade dessa mudança no assunto.

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