domingo, 5 de agosto de 2018

O CARÁTER PECULIAR DE BÊNÇÃO QUE O EVANGELHO DA GRAÇA DE DEUS APRESENTA


O CARÁTER PECULIAR DE BÊNÇÃO QUE O EVANGELHO DA GRAÇA DE DEUS APRESENTA

Paulo continua explicando que o que Deus está agora fazendo, no chamado do evangelho, é algo totalmente diferente do que foi ensinado pelos profetas do Velho Testamento, a respeito da bênção dos gentios. No versículo 6 ele menciona três coisas exclusivas que caracterizam o presente chamado de Deus, em graça, pelo evangelho:
                   Em primeiro lugar, o versículo 6 diz: “Que os gentios são co-herdeiros”. Esta citação da KJV (N. do T.: e das em português também) infelizmente não é a melhor tradução. Uma mais precisa interpretação seria: “Que os que são de (entre) as nações são co-herdeiros” (JND). Esse presente chamado de Deus pelo evangelho não é a introdução de toda a massa das nações gentias a Jeová, como anunciado no Velho Testamento, pelo qual eles teriam um lugar sob Israel, no reino do Messias (Zc 2:11, 8:22-23; Is 11:10, 14:1, 56:3-7, 60:1-5; Sl 22:27, 47:9, 72:10-11). Isso é uma conversão exterior das nações gentias quando virem Cristo na glória do Seu reino. Eles se unirão em submissão ao Deus de Israel pelo temor do julgamento; não haverá, necessariamente, uma obra de fé nos seus corações (Sl 18:44-47, 66:1-3, 68:28-31; Is 60:14), embora que muitos serão verdadeiros (Ap 7:9-10). Portanto o que Paulo estava anunciando era o chamado especial dos eleitos para “fora”, de entre as nações, os quais têm sido predestinados por Deus para compartilhar um lugar com Cristo, em Seu corpo. Portanto ele fala, “Que os que são das nações são co-herdeiros” (JND). Assim isso era “a conversão daqueles das nações” (At 15:3 – JND). Não era a conversão das nações como um todo, a qual, como temos dito, acontecerá no futuro. No presente chamado do evangelho, Deus está visitando os gentios para “tomar deles um povo para o Seu nome” (At 15:14). Ele também está tirando alguns crentes judeus para “fora” do seu lugar anterior, na nação de Israel, com o mesmo propósito. Paulo era um exemplo disso. O Senhor disse a ele, “levando-te para fora de entre o povo [Israel]...” (At 26:17 – JND).
                   Este movimento em graça para com os judeus e os gentios com o evangelho é uma coisa inteiramente nova nos caminhos de Deus. Isto não tinha sido revelado nos tempos do Velho Testamento.
                   Judeus e gentios, como entidades nacionais distintas, ainda permanecem na Terra hoje enquanto o chamado do evangelho é pregado, e eles continuarão a existir no dia vindouro.
                   Mas agora há também uma terceira entidade – “a Igreja de Deus” (1 Co 10:32). Isto é algo distinto e separado dos outros dois, e não deveria ser confundida com eles. Por isso, nesta presente Dispensação da Graça, Deus está chamando judeus e gentios crentes para fora das suas posições anteriores e trazendo-os para dentro de algo novo – a Igreja. O próprio significado da palavra Igreja (“Ekklesia” em grego) é, “os chamados para fora”. Isto muito apropriadamente expressa este chamado especial pelo evangelho hoje. Crentes de entre os judeus e gentios estão, “de antemão”, crendo (cap. 1:12-13 – ARA) antes do dia, quando o remanescente de Israel e as nações dos gentios serão trazidos a Deus.
                   Em segundo lugar, versículo 6 indica que crentes de entre os gentios seriam formados em um “corpo-conjunto” (JND) com crentes de entre os judeus. O Mistério revela que judeus e gentios, que creem no evangelho, são formados num organismo vivo (um corpo-conjunto), que funcionaria para o gozo de Deus, no qual a mesma vida e as características do próprio Filho de Deus seriam manifestadas. Este “um só corpo” seria o resultado do Espírito de Deus habitando nesses crentes e os ligando juntos a Cristo – a Cabeça no céu (1 Co 12:13). O corpo de Cristo é algo inteiramente novo que Deus está formando e não é encontrado no Velho Testamento. Cristo reinará sobre Israel e as nações gentias (Sl 93:1; Is 32:1), mas em lugar algum é dito que Ele reina sobre a Igreja, a qual é Seu corpo.
                   Em terceiro lugar, esta companhia de judeus e gentios crentes são “co-participantes da promessa em Cristo Jesus” (ATB). Esta promessa não tem conexão com aquela que foi feita aos patriarcas, nos tempos do Velho Testamento. Aquelas promessas feitas a Abraão, Isaac e Jacó foram dadas durante suas vidas, mas esta promessa foi feita “antes dos tempos dos séculos” (2 Tm 1:9; Tt 1:2). Esta é a promessa de “vida eterna”, que é distintamente uma bênção do Novo Testamento. Vida eterna, que é ter um relacionamento consciente com o Pai e o Filho (Jo 17:3), não era conhecida pelos santos do Velho Testamento. Os santos do Velho Testamento não sabiam do relacionamento do Pai e o Filho na Divindade, e somente esperavam ansiosamente viver para sempre na Terra, sob um Messias reinando. (Sl 133:3; Dn 12:2). Vida eterna é um caráter especial de vida, que o Pai e Filho gozavam na eternidade passada, à qual Cristãos têm sido introduzidos por meio da habitação do Espírito. (Jo 4:14). Foi vista primeiramente quando Cristo veio ao mundo e manifestou a vida eterna, que antes estava “com o Pai” no céu (1 Jo 1:2).
                   Vemos destas três coisas que o que Paulo estava ensinando era algo completamente diferente das promessas feitas aos pais. Não era um cumprimento de alguma maneira das profecias do Velho Testamento – isso é o erro da Teologia do Pacto. Como mencionado, a introdução desse chamado celestial da Igreja não interfere com o plano de Deus para abençoar Israel na Terra com os gentios debaixo deles, durante o reinado do seu Messias. A conversão em massa dos gentios acontecerá num dia vindouro, mas a conversão daqueles de entre os gentios está acontecendo hoje pelo chamado do evangelho.
                   Ao dizer que estas coisas divulgadas no Mistério relativo à Igreja são nossas “pelo evangelho” (v. 6), aprendemos que a verdade do evangelho e a verdade da assembleia estão ligadas. Assim, toda obra do evangelho deve ser conduzida tendo em vista a assembleia. No evangelho apresentamos Cristo, o Salvador; ao ensinar a verdade da Igreja apresentamos Cristo, o Centro. Ambos estão intimamente ligados. Deus deseja que quando uma pessoa é salva, seja encontrada, daí em diante, funcionando no corpo como Deus a colocou.

                   As grandes pedras, que eram trazidas com o propósito de construção do templo, ilustram isso. Elas não eram somente cortadas do lugar onde eram encontradas (1 Rs 5), mas elas eram trazidas ao lugar do templo e colocadas para dentro da casa (1 Rs 6). Apenas extrair as pedras da pedreira não era um fim em si mesmo. Semelhantemente, as pedras vivas, que compõem a casa de Deus hoje – a Igreja (1 Tm 3:15), têm sido salvas com o propósito de atuarem na Sua casa para a Sua glória. Mais tarde nesta epístola Paulo fala dessa conexão novamente (cap. 4:11-16). Os “evangelistas” eram para trabalhar com os “pastores e mestres” com vista à “edificação do corpo de Cristo”. Querendo que almas sejam salvas sem vê-las atuar no seu lugar no corpo está aquém do propósito de Deus para elas. O propósito do evangelho é trazer para dentro o material que irá compor a Igreja.

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