domingo, 12 de agosto de 2018

Andar em amor



ANDAR EM AMOR

Cap. 5:1-7 – As exortações que se seguem no capítulo 5 continuam na linha de pensamento do capítulo 4, de os santos manifestar uma mudança total de caráter que convém aos santos de Deus.
                   Uma vez que somos agora parte da família de Deus, devemos ser “imitadores de Deus, como filhos amados”. No capítulo 4 devemos imitar as maneiras perfeitas de “Jesus”. Agora no capítulo 5 devemos imitar os atributos morais de Deus. Normalmente uma criança imitará os pais na maneira de ser e falar. Da mesma forma, como filhos de Deus, devemos imitar Deus nosso Pai. Como mencionado, isto está se referindo aos Seus atributos morais, porque não podemos imitar os atributos de Deus em deidade. Os dois grandes atributos morais de Deus em particular neste capítulo são “amor” e “luz”. Amor é a atividade da Sua natureza; luz é a essência do Seu ser.
                   Andando como “filhos amados” significa que deveríamos andar como os que estão desfrutando o amor de Deus. A ênfase aqui não está em nós amando a Deus, mas sim vivendo no gozo de Seu amor por nós. Somos “queridos” para Ele. Se andarmos com esse sentimento, nós vamos “andar em amor” uns com os outros.
                   O grande exemplo de andar em amor é o próprio Cristo. No Velho Testamento, os filhos de Israel deviam amar seus próximos como a si mesmos (Lc 10:27). Mas no Novo Testamento, amor é colocado num plano substancialmente mais elevado – devemos amar “como” Cristo nos amou. E como Ele nos amou? Ele Se submeteu – até mesmo para suportar a morte – em lealdade e amor inabaláveis à vontade de Seu Pai. Foi um amor que manifestou total submissão e obediência, e era “em cheiro suave” a Deus. Foi um amor sacrificial de obediência. Este é o caráter de amor que devemos ter.
                   V. 3 – Nosso andar, por conseguinte, é para ser como “convém a santos”. Um santo significa literalmente, “um santificado” ou “um separado”. Não é apenas que “prostituição, e toda a impureza ou avareza” não devam ser encontradas entre os santos – mas que “nem ainda se nomeie” essas coisas em nossa conversação. Estas coisas não devem ser tópicos de discussão porque há contaminação conectada com o pensar ou falar sobre elas, mesmo se for para condená-las. Se nos ocuparmos nestas coisas e elas se tornarem comuns em nossa conversação, podem fazer com que elas entrem sorrateiramente em nossas vidas. Similarmente, os filhos de Israel foram avisados para não observar como as nações pagãs praticavam a idolatria porque havia o perigo de eles mesmos caírem nela (Dt 12:29-32). O velho ditado que você pode ficar tão sujo abraçando um limpador de chaminés quanto lutando com ele é certamente verdade. Aqueles que frequentemente falam sobre estas coisas corrompidas não parecem estar muito longe delas em suas almas. É um terreno perigoso.
                   V. 4 – Além disso, como “santos”, não devemos descer da dignidade de nossa posição como filhos de Deus para nos envolver em “parvoíces”[1] ou “chocarrices”[2] (v. 4). O apóstolo não está condenando humor aqui; a repreensão é contra a conversa fútil que despreze as coisas sagradas e o pecado. O Cristão deve estar cheio de amor e gratidão e de “ações de graças”. Assim se tornam aqueles que foram chamados para a posição elevada que temos em Cristo. Chocarrice, só estraga a manifestação de amor Cristão.
                   Vs. 5-6 – O apóstolo prossegue denunciando qualquer cumplicidade dos santos com os pecados da época. Ele faz uma distinção muito nítida entre aqueles que estão no “reino de Cristo e de Deus” e aqueles que não estão. Ele fala daqueles que não são crentes como sendo caracterizados por vários pecados, que certamente não têm parte no reino. Ele acrescenta, “Ninguém vos engane com palavras vãs”. Ele antecipou que haveria aqueles que se levantariam e tentariam desculpar esses pecados em crentes professantes, apresentando argumentos plausíveis de que eles não eram tão maus assim. O apóstolo resolve isso imediatamente nos dizendo que todos esses argumentos são falsos. Ele deixa claro que “por estas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência”. A versão KJV traduz “crianças da desobediência”, mas “filhos” é a palavra correta. Isso implica que estas pessoas estão completamente desenvolvidas na sua corrupção moral e desobediência. É verdade que um crente pode cair em qualquer destes pecados, mas nenhum crente verdadeiro é caracterizado por eles.
                   Seu ponto, ao mencionar isto, é de mostrar que deve haver uma marcante distinção entre crentes e incrédulos. Se temos de manifestar propriamente os atributos morais de Deus neste mundo, e andar “em amor, como também Cristo” fez, a separação é imperativa. Consequentemente, ele diz, “Portanto não sejais seus companheiros” (v. 7).





[1]   N. do T.: Eutrapelia – brincadeiras vulgares e obscenas
[2]  N. do T.: Morologia – divertir alguém com gracejos, expondo outros a desprezo – “o bobo da corte”

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