Oração de Paulo para que os
Santos Possam conhecer o Coração do Abençoador e serem Confirmados Com a Plenitude
de Deus
Cap.
3:14-21 – É a intenção de Deus que a verdade do Mistério produzisse um
comportamento prático em nossas vidas, como visto nas exortações nos capítulos
4-6. Porém, antes de sermos exortados a andar como é digno dessa elevada
vocação (cap. 4:1), o apóstolo ora pela Igreja uma segunda vez. Ele sabia que haveria
grande oposição à prática dessa grande verdade (Cl 1:27-29) e nos lembra de que
agir à luz da verdade do Mistério trará reprovação e sofrimentos (v. 13). Assim
ele deseja que os santos não fossem desencorajados pelas “tribulações” que ele sofria em conexão com a verdade. O Senhor
também orou nesse sentido quando Ele foi rejeitado (Sl 69:6). Por essa causa Paulo
se põe de “joelhos” em oração ao “Pai de nosso Senhor Jesus Cristo” para
que a glória e o amor de Cristo, e a plenitude de Deus fossem achadas nos
santos as quais os preparariam para esse desafio. O objetivo aqui é que este
vaso fosse competente para demonstrar a glória de Cristo, não somente no mundo
vindouro, mas também agora neste mundo.
Ao acrescentar, “do qual toda a família nos céus e na Terra
toma o nome”, Paulo usou a mais ampla expressão possível, que abrange todas
as criaturas abençoadas de Deus. Isso inclui os santos do Velho Testamento,
Cristãos, os santos do Milênio (judeus e gentios), crianças que não haviam
alcançado a idade do entendimento, anjos eleitos, etc. É significativo que,
entre todas essas criaturas abençoadas, Paulo ora especificamente por aqueles
(a Igreja) que têm sido abençoados de uma forma especial, a qual o Mistério revela.
A diferença característica
entre as duas orações nesta epístola é que na primeira ele ora para que conheçamos
o grande PLANO de Deus para
glorificar Seu Filho; na segunda ele ora para que possamos conhecer o coração
do PLANEJADOR e sermos cheios da
plenitude de Deus.
A primeira oração tem a ver
com os santos conhecendo quão ricamente eles têm sido abençoados, mas a segunda
é que eles conhecessem o próprio Abençoador. Assim, esta segunda oração é sobre
Deus estar formando uma capacidade nos santos, de forma que seriam cheios da
plenitude de Deus – e que isso resultaria em louvor e ações de graças e dariam
coragem moral para agir sobre o que a fé deles apreendeu, como apresentado no
capítulo 4.
Há quatro partes no pedido do apóstolo nesta segunda oração, baseada
nas palavras “para que”. Como em uma
corrente, cada uma dessas coisas reforça a anterior.
1)
“Para que, segundo as riquezas da Sua glória, vos conceda que sejais
corroborados com poder pelo Seu Espírito no homem interior”
(v. 16). Se os santos devem colocar em prática a verdade do Mistério, à qual
são exortados a fazer no capítulo 4, eles precisam ser fortalecidos espiritualmente.
Paulo não ora por um fortalecimento exterior na carne, mas no “no homem interior” (na alma).
2)
“Para que Cristo habite pela fé nos vossos corações” (v. 17a). Isto mostra
que o grande alvo de ser espiritualmente fortalecido dessa forma é que Cristo teria
Seu próprio lugar nas nossas afeições. A oração do capítulo 1 tinha a ver conosco
apreendendo nosso lugar em Cristo, e
as bênçãos associadas a esse lugar, enquanto que esta segunda oração tem a ver
com sermos capacitados para ter Cristo
habitando em nós de uma maneira profunda.
O Único que é o centro do conselho e propósito de Deus deveria ser o centro de
todos os nossos pensamentos e afeições. Se Cristo habita em nós dessa maneira, Ele
controlará todas as nossas fontes internas – os pensamentos e desejos dos
nossos corações. Isso nos levará a uma profunda convicção da verdade do
Mistério.
3)
“Para que, estando arraigados e fundados em amor, poderdes perfeitamente
compreender [apreender], com todos os
santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade; e
conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento” (vs. 17-19). Cristo,
tendo Seu próprio lugar em nossas afeições, nos conduz a que estejamos
arraigados e fundados em Seu amor, e isto permite a ampliação de nossa
capacidade para as coisas divinas. Isto é porque apreendemos por meio de nossas
afeições. A medida em que gozamos de Seu amor, nossa capacidade pelas coisas
divinas aumenta. A palavra “compreender”
não é a melhor tradução. Em Latim “comp”
significa agarrar algo o envolvendo. Dificilmente podemos fazer isso com
respeito às coisas de Deus, uma vez que nós somente “conhecemos em parte” agora (1 Co 13:9). Devia se ler, “apreender”,
que é ter um apanhado da coisa sem necessariamente agarrá-la por inteiro.
A “largura
e comprimento”, etc., a que Paulo se refere aqui não são do amor de Cristo
(como muitos escritores de hinos afirmam), porque o amor de Cristo não tem
comprimento nem largura. É imensurável. Ele está falando da largura e
comprimento da vasta extensão da glória de Deus que está centralizada em
Cristo. Depois de nos lançar na infinitude da glória de Deus, ele nos traz de
volta para um centro conhecido – “o amor
de Cristo”. Embora seja algo que já conhecemos, não podemos apreender sua
magnitude – que “excede todo o
entendimento”.
Note que “amor”
supera “entendimento”. A vontade de
Deus a respeito de Cristo e a Igreja, revelada no Mistério é entendimento, mas
há algo que excede esse maravilhoso entendimento – o amor que o planejou!
4)
“Para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus”
(v. 19). O grande resultado de tudo isso é que nós seremos cheios da plenitude
de Deus. Isto não é a plenitude da deidade; seria blasfêmia pensar que nós poderíamos
ser cheios de deidade. Deidade é a essência de Deus o Qual está além do entendimento
da criatura e subsiste em luz inacessível. O assunto aqui é o que Deus deseja
formar na Igreja, com o propósito de manifestação. É tudo o que Deus é em caráter. Em Colossenses é dito que a
plenitude de Deus habita em Cristo
corporalmente (Cl 1:19, 2:9), mas aqui o apóstolo deseja que a plenitude de
Deus nos encha! Somente de Cristo é
dito que toda a plenitude de Deus habita,
mas é possível para nós pelo menos ser “cheios
de toda a plenitude de Deus”. A Diferença é que uma criança pode levar seu
balde à praia e enchê-lo d’água. Ela poderia dizer que tem seu balde cheio de oceano,
mas ela não poderia dizer que tinha o oceano dentro do seu balde. É a mesma
coisa conosco quando se trata da plenitude de Deus.
Vs. 20-21 – Assim, o fortalecimento do homem interior, a habitação de Cristo em nossos corações,
e apreensão da glória que O envolve são
todos em vista de nós estarmos cheios da plenitude de Deus para que pudéssemos andar
de acordo com a atual administração, e assim colocar em prática a verdade do um
só corpo de Cristo. Estando cheios com a plenitude de Deus nos leva a adorar e
nos prepara para atuar nas exortações nos capítulos seguintes.
Assim, chegamos ao ponto mais
alto na epístola; o Espírito não nos pode levar mais alto. Paulo apropriadamente
prorrompe aqui em uma doxologia de louvor. Como Davi quando bendisse Deus,
dizendo: “do que é Teu To damos” (1
Cr 29:14), Paulo entendeu que todas estas coisas tiveram sua fonte no coração
de Deus, e é apropriado que retornem para Ele em forma de glória e louvor.
Ele fala de Deus “ser capaz de fazer” tudo o que
poderíamos “pedir ou pensar” ao realizar Seu plano todo-sábio de
glorificar publicamente Seu Filho por meio da Igreja. Alguns por engano pensam
que isso está se referindo a Deus respondendo nossos pedidos de oração. É com
certeza verdade que Deus pode e responde nossas orações numa maneira melhor do
que temos pedido, mas isso não é o que o apóstolo está falando aqui. Ele está
falando que se Deus tivesse pedido para escolhermos a melhor coisa que poderia
acontecer conosco, não iria nunca entrar em nossas mentes o pedir ou pensar em
algo tão abençoado como esse Seu plano. Então Deus tomou a iniciativa e planejou
tudo antes do mundo começar. E Ele fez tudo para Seu próprio bom prazer e nossa
grande bênção.
Em,
eterno conselho, profundo,
Antes
de ser feito o mundo,
Antes
das fundações tão profundas,
No
nada serem oriundas,
Por
bênção, nos propôs, DEUS
E
em Seu FILHO, nos escolheu,
Para
ser a Ele conformado,
Quando
for, nosso percurso, finalizado.
Tudo que Deus tem proposto acontecerá
“segundo o poder que em nós opera”. Na primeira oração o apóstolo falou do
poder de Deus trabalhando para nós
(cap. 1:19), mas nesta segunda oração Ele fala do Seu poder trabalhando em nós (cap. 3:20). Isto é porque a ênfase
aqui está na obra de Deus, capacitando aqueles que iriam compor esse especial vaso
de testemunho.
Portanto, vemos neste
capítulo o ministério do apóstolo envolvido em pregar, ensinar e orar pelos
santos. Semelhantemente, nossa pregação e ensinamento deveriam ser acompanhados
de oração para que as coisas que temos apresentado façam bem aos corações do
povo de Deus.
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