A Função dos Dons para a
Edificação do Corpo
Vs.
7-16 – Uma vez que é a vontade de Deus que a Igreja manifestasse visualmente
que é “um só corpo”, Cristo ascendeu
ao alto para fazer completa provisão para os membros andarem juntos, de maneira
coletiva. Foi dado a cada membro “a
graça ... segundo a medida do dom de
Cristo”. O Senhor transmitiu a cada um de nós um dom de poderes espirituais
(1 Co 12), e nos deu a “graça”
necessária para usar este dom habilmente no lugar onde Ele nos colocou no corpo.
O apóstolo toma emprestado o
Salmo 68:18, que celebra a vitória do Senhor sobre Seus inimigos num dia
vindouro (na Sua Aparição), e aplica esse princípio à Sua vitória sobre Satanás
na cruz. Tendo derrotado Satanás pela morte (Hb 2:14), o Senhor trouxe crentes em
sujeição a Si mesmo, que outrora eram escravos de Satanás. Assim como quando um
conquistador retorna vitoriosamente da batalha, trazendo com ele o espólio
retirado do inimigo como prova da vitória, semelhantemente, Cristo tem
ostentado Sua vitória por conceder “dons”
aos que eram cativos de Satanás (v. 8). Estes dons são poderes espirituais
e foram dados com o propósito de ajudar os santos a andarem juntos na unidade
do Espírito e assim manifestar a glória de Cristo na Igreja.
Vs. 9-10 – Antes de Cristo
ascender vitoriosamente às alturas da glória, Ele primeiro desceu ao túmulo (“às partes mais baixas da Terra”) para
derrotar o inimigo ao ressuscitar de entre os mortos. Tendo tomado Seu lugar ao
alto “acima de todos os céus”. Assim
Cristo tinha que primeiro tomar Seu lugar no céu, como Cabeça da Igreja, antes
que dons pudessem ser dados. O ponto do apóstolo aqui é que todo ministério
Cristão flui de Cristo, a Cabeça assunta ao céu. Não procuramos na Terra por alguma
organização humana de onde os dons tomam sua direção, mas para Cristo, no céu. Agências
humanas, criadas para enviar pessoas dotadas para certas obras no serviço do
Senhor, embora bem intencionadas, são estranhas à Escritura.
V. 11 – De Seu lugar no alto
Cristo deu “uns para apóstolos; e outros
para profetas, e outros para evangelistas; e outros para pastores e doutores”.
Estes homens possuem poderes espirituais distintos para o ministério público da
Palavra e eles foram dados como dons
de Cristo à Igreja. O ponto aqui não é que Cristo dá o apostolado, mas que Ele
dá apóstolos, etc. A passagem não está focando nos seus poderes espirituais,
mas no fato que eles mesmos são um dom vindo de Cristo para a Igreja.
“Apóstolos
e profetas” foram dados para ajudar a colocar o
fundamento da Igreja no primeiro século pelo ministério deles (cap. 2:20). Agora
que o fundamento foi colocado, estes dons não estão mais sendo dados, embora
nós ainda aproveitemos do ministério deles, aos quais o Espírito de Deus
inspirou a escrever nas Escrituras do Novo Testamento. Nós ainda temos o
exercício do dom de profecia no sentido de alguém expondo a mente de Deus para o
momento, por meio da palavra de ministério (1 Co 14:1, 31), mas não no sentido
de alguém ter revelações especiais e predizer eventos futuros – como foi no
caso de Ágabo (At 11:27-28, 21:10-11).
O Senhor também tem dado “evangelistas”, “pastores”, e “doutores”
à Igreja. De novo, isto não está se referindo aos poderes espirituais de
evangelismo, etc., mas os próprios homens têm sido dados como dons para a
Igreja. Estes homens ainda são levantados pelo Senhor para ajudar a Igreja.
Primeira aos Coríntios
capítulo 12:8-10 fala dos atuais poderes espirituais os quais o Espírito de
Deus transmite ou deposita em homens como esses. Por exemplo, a “palavra de sabedoria” é o poder
espiritual ou dom que um “pastor” teria,
e a “palavra do conhecimento” (ARA) é
o dom espiritual que um “doutor”
teria. A ênfase, em 1 Coríntios 12, não é de sua sabedoria ou conhecimento – porque
todos os santos devem possuí-los – mas que eles têm uma capacidade especial
para comunicar a sabedoria e conhecimento que possuem. Por isso é chamado “a palavra de sabedoria”, e a “palavra do conhecimento”. Note que não
é mencionado aqui, nem em outro lugar na Escritura, de que homens possuindo um
dom espiritual de ensinar ou pregar tenham a necessidade de ser ordenados por
alguma organização humana para poder funcionar na Igreja.
V. 12 – Estes dons não têm
sido dados para seu proveito pessoal, mas para o enriquecimento do corpo de
Cristo. É verdade que quem rega, também será regado (Pv 11:25), mas o que eles
têm do Senhor é principalmente para seus irmãos – os outros membros do corpo. O
propósito destes dons é o de ajudar no “aperfeiçoamento
dos santos”. Perfeição, no sentido que é usado aqui, é “amadurecimento”. Assim, esses dons são para ajudar os santos a
crescerem espiritualmente. Além disso, este “aperfeiçoamento” é “com
vistas à obra do ministério” (JND).
Isto mostra que é o desejo de Deus que os membros do corpo amadureçam (cresçam
espiritualmente) pela ajuda dos dons, para que eles também possam ser
envolvidos na “obra do ministério” e
assim serem úteis para levar adiante o testemunho Cristão. Ministério é simplesmente
o exercício de nosso dom espiritual. Como todos nós temos um dom, todos estamos
engajados no ministério. Não há “zangãos” no corpo de Cristo; todos os membros
do corpo devem se envolver nesse trabalho. Nem todos têm um dom distinto e são
dados para a Igreja, como mencionado no versículo 11, mas todos devem se
envolver na “obra do ministério” de
alguma maneira. Cada membro pode fazer a sua parte na “edificação do corpo de Cristo”. Não era intenção de Deus que
alguns dos membros do corpo fossem apenas expectadores enquanto que outros estivessem
envolvidos na obra.
Esta obra é para continuar “até que todos cheguemos à unidade da fé, e
ao conhecimento do Filho de Deus, a
varão perfeito [maduro – JND]” (v. 13). Isto não será alcançado num
sentido coletivo até Cristo vir de novo (o Arrebatamento). Portanto, “a obra do ministério” – chamar, cuidar
e edificar dos santos – vai acontecer até o Senhor vir para nós. Isto significa
que estes dons para edificação (v. 11) continuarão a ser dados até que a Igreja
esteja completa. Em contraste com isso, não há menção na Escritura, de que dons
de línguas e curas, etc., continuariam. A história confirma que isso não
aconteceu.
Versículo 13 nos dá o objetivo final dos dons na “obra do ministério”, mas os versículos 14-16 nos dão seu objetivo imediato, que é tirar os santos do
estado de infância espiritual, conforme Paulo diz, “Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina [ensino – JND]”. Há uma necessidade urgente e imediata dos santos se tornarem estabelecidos
na verdade, para que o inimigo não os leve embora. Se isso acontecer, os santos
não serão capazes de cumprir adequadamente seu papel no corpo e ser uma ajuda
positiva na edificação dos outros membros. Paulo fala destas doutrinas errôneas
introduzidas pelo inimigo como “o erro
sistematizado” (JND) Normalmente será encontrado, por trás de doutrinas
erradas, um sistema inteiro de ensino errôneo.
V. 15 – Nossa única segurança
contra o erro não está em conhecer melhor o erro para que possamos refutá-lo,
mas “seguindo a verdade em amor”
(ARA). Isso vai além de conhecer a verdade e implica estar afetuosamente ligado
a ela – guardar a verdade em nossas afeições. O Salmista exemplifica isso,
dizendo: “Escondi a Tua Palavra no meu
coração, para eu não pecar contra Ti” (Sl 119:11). A KJV traduz este
versículo 15, “falando a verdade em
amor”, mas isso pode levar a engano. Isso implica que nós devemos apresentar a
verdade para outros numa maneira amorosa e gentil. Isso é certamente algo que
devemos fazer, mas o contexto aqui tem a ver com o ser preservado dos erros
doutrinais que estão espalhados. Falar a verdade a outros de uma maneira
amorosa e gentil não é o que vai nos guardar desses erros sutis. “Mantendo a verdade em amor” (JND) –
como ela deveria ser traduzida – é ter amor pela própria verdade. O ponto de
Paulo aqui é que quando a verdade é guardada apropriadamente em nossas afeições,
não apenas será uma salvaguarda contra os erros na Cristandade, mas também fará
com que “cresçamos em todas as coisas
até chegarmos a Ele, que é a Cabeça, Cristo” (ATB).
V. 16 – Não só seremos
preservados e cresceremos espiritualmente, mas também seremos úteis no corpo
como uma “junta de auxílio”. Contribuiremos
efetivamente para edificação do corpo em amor. Seu desejo é que “cada parte” tenha algo a fornecer em
benefício de “todo o corpo”. Isso é
algo em que podemos ser exercitados.
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