segunda-feira, 6 de agosto de 2018

A Função dos Dons para a Edificação do Corpo


A Função dos Dons para a Edificação do Corpo

Vs. 7-16 – Uma vez que é a vontade de Deus que a Igreja manifestasse visualmente que é “um só corpo”, Cristo ascendeu ao alto para fazer completa provisão para os membros andarem juntos, de maneira coletiva. Foi dado a cada membro “a graça ... segundo a medida do dom de Cristo”. O Senhor transmitiu a cada um de nós um dom de poderes espirituais (1 Co 12), e nos deu a “graça” necessária para usar este dom habilmente no lugar onde Ele nos colocou no corpo.
                   O apóstolo toma emprestado o Salmo 68:18, que celebra a vitória do Senhor sobre Seus inimigos num dia vindouro (na Sua Aparição), e aplica esse princípio à Sua vitória sobre Satanás na cruz. Tendo derrotado Satanás pela morte (Hb 2:14), o Senhor trouxe crentes em sujeição a Si mesmo, que outrora eram escravos de Satanás. Assim como quando um conquistador retorna vitoriosamente da batalha, trazendo com ele o espólio retirado do inimigo como prova da vitória, semelhantemente, Cristo tem ostentado Sua vitória por conceder “dons” aos que eram cativos de Satanás (v. 8). Estes dons são poderes espirituais e foram dados com o propósito de ajudar os santos a andarem juntos na unidade do Espírito e assim manifestar a glória de Cristo na Igreja.
                   Vs. 9-10 – Antes de Cristo ascender vitoriosamente às alturas da glória, Ele primeiro desceu ao túmulo (“às partes mais baixas da Terra”) para derrotar o inimigo ao ressuscitar de entre os mortos. Tendo tomado Seu lugar ao alto “acima de todos os céus”. Assim Cristo tinha que primeiro tomar Seu lugar no céu, como Cabeça da Igreja, antes que dons pudessem ser dados. O ponto do apóstolo aqui é que todo ministério Cristão flui de Cristo, a Cabeça assunta ao céu. Não procuramos na Terra por alguma organização humana de onde os dons tomam sua direção, mas para Cristo, no céu. Agências humanas, criadas para enviar pessoas dotadas para certas obras no serviço do Senhor, embora bem intencionadas, são estranhas à Escritura.
                   V. 11 – De Seu lugar no alto Cristo deu “uns para apóstolos; e outros para profetas, e outros para evangelistas; e outros para pastores e doutores”. Estes homens possuem poderes espirituais distintos para o ministério público da Palavra e eles foram dados como dons de Cristo à Igreja. O ponto aqui não é que Cristo dá o apostolado, mas que Ele dá apóstolos, etc. A passagem não está focando nos seus poderes espirituais, mas no fato que eles mesmos são um dom vindo de Cristo para a Igreja.
                   “Apóstolos e profetas” foram dados para ajudar a colocar o fundamento da Igreja no primeiro século pelo ministério deles (cap. 2:20). Agora que o fundamento foi colocado, estes dons não estão mais sendo dados, embora nós ainda aproveitemos do ministério deles, aos quais o Espírito de Deus inspirou a escrever nas Escrituras do Novo Testamento. Nós ainda temos o exercício do dom de profecia no sentido de alguém expondo a mente de Deus para o momento, por meio da palavra de ministério (1 Co 14:1, 31), mas não no sentido de alguém ter revelações especiais e predizer eventos futuros – como foi no caso de Ágabo (At 11:27-28, 21:10-11).
                   O Senhor também tem dado “evangelistas”, “pastores”, e “doutores” à Igreja. De novo, isto não está se referindo aos poderes espirituais de evangelismo, etc., mas os próprios homens têm sido dados como dons para a Igreja. Estes homens ainda são levantados pelo Senhor para ajudar a Igreja.
                   Primeira aos Coríntios capítulo 12:8-10 fala dos atuais poderes espirituais os quais o Espírito de Deus transmite ou deposita em homens como esses. Por exemplo, a “palavra de sabedoria” é o poder espiritual ou dom que um “pastor” teria, e a “palavra do conhecimento” (ARA) é o dom espiritual que um “doutor” teria. A ênfase, em 1 Coríntios 12, não é de sua sabedoria ou conhecimento – porque todos os santos devem possuí-los – mas que eles têm uma capacidade especial para comunicar a sabedoria e conhecimento que possuem. Por isso é chamado “a palavra de sabedoria”, e a “palavra do conhecimento”. Note que não é mencionado aqui, nem em outro lugar na Escritura, de que homens possuindo um dom espiritual de ensinar ou pregar tenham a necessidade de ser ordenados por alguma organização humana para poder funcionar na Igreja.
                   V. 12 – Estes dons não têm sido dados para seu proveito pessoal, mas para o enriquecimento do corpo de Cristo. É verdade que quem rega, também será regado (Pv 11:25), mas o que eles têm do Senhor é principalmente para seus irmãos – os outros membros do corpo. O propósito destes dons é o de ajudar no “aperfeiçoamento dos santos”. Perfeição, no sentido que é usado aqui, é “amadurecimento”. Assim, esses dons são para ajudar os santos a crescerem espiritualmente. Além disso, este “aperfeiçoamento” é “com vistas à obra do ministério” (JND). Isto mostra que é o desejo de Deus que os membros do corpo amadureçam (cresçam espiritualmente) pela ajuda dos dons, para que eles também possam ser envolvidos na “obra do ministério” e assim serem úteis para levar adiante o testemunho Cristão. Ministério é simplesmente o exercício de nosso dom espiritual. Como todos nós temos um dom, todos estamos engajados no ministério. Não há “zangãos” no corpo de Cristo; todos os membros do corpo devem se envolver nesse trabalho. Nem todos têm um dom distinto e são dados para a Igreja, como mencionado no versículo 11, mas todos devem se envolver na “obra do ministério” de alguma maneira. Cada membro pode fazer a sua parte na “edificação do corpo de Cristo”. Não era intenção de Deus que alguns dos membros do corpo fossem apenas expectadores enquanto que outros estivessem envolvidos na obra.
                   Esta obra é para continuar “até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito [maduro – JND] (v. 13). Isto não será alcançado num sentido coletivo até Cristo vir de novo (o Arrebatamento). Portanto, “a obra do ministério” – chamar, cuidar e edificar dos santos – vai acontecer até o Senhor vir para nós. Isto significa que estes dons para edificação (v. 11) continuarão a ser dados até que a Igreja esteja completa. Em contraste com isso, não há menção na Escritura, de que dons de línguas e curas, etc., continuariam. A história confirma que isso não aconteceu.
                   Versículo 13 nos dá o objetivo final dos dons na “obra do ministério”, mas os versículos 14-16 nos dão seu objetivo imediato, que é tirar os santos do estado de infância espiritual, conforme Paulo diz, “Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina [ensino – JND]. Há uma necessidade urgente e imediata dos santos se tornarem estabelecidos na verdade, para que o inimigo não os leve embora. Se isso acontecer, os santos não serão capazes de cumprir adequadamente seu papel no corpo e ser uma ajuda positiva na edificação dos outros membros. Paulo fala destas doutrinas errôneas introduzidas pelo inimigo como “o erro sistematizado” (JND) Normalmente será encontrado, por trás de doutrinas erradas, um sistema inteiro de ensino errôneo.
                   V. 15 – Nossa única segurança contra o erro não está em conhecer melhor o erro para que possamos refutá-lo, mas “seguindo a verdade em amor” (ARA). Isso vai além de conhecer a verdade e implica estar afetuosamente ligado a ela – guardar a verdade em nossas afeições. O Salmista exemplifica isso, dizendo: “Escondi a Tua Palavra no meu coração, para eu não pecar contra Ti” (Sl 119:11). A KJV traduz este versículo 15, “falando a verdade em amor”, mas isso pode levar a engano. Isso implica que nós devemos apresentar a verdade para outros numa maneira amorosa e gentil. Isso é certamente algo que devemos fazer, mas o contexto aqui tem a ver com o ser preservado dos erros doutrinais que estão espalhados. Falar a verdade a outros de uma maneira amorosa e gentil não é o que vai nos guardar desses erros sutis. “Mantendo a verdade em amor” (JND) – como ela deveria ser traduzida – é ter amor pela própria verdade. O ponto de Paulo aqui é que quando a verdade é guardada apropriadamente em nossas afeições, não apenas será uma salvaguarda contra os erros na Cristandade, mas também fará com que “cresçamos em todas as coisas até chegarmos a Ele, que é a Cabeça, Cristo” (ATB).

                   V. 16 – Não só seremos preservados e cresceremos espiritualmente, mas também seremos úteis no corpo como uma “junta de auxílio”. Contribuiremos efetivamente para edificação do corpo em amor. Seu desejo é que “cada parte” tenha algo a fornecer em benefício de “todo o corpo”. Isso é algo em que podemos ser exercitados.

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