O “Velho Homem” e O “Novo
Homem”
Vs.
22-24 – Para que possamos manifestar as características morais de Cristo neste
mundo, devemos primeiramente entender certas verdades no que diz respeito ao “velho homem” e ao “novo homem”. Por isso,
o apóstolo fala disto antes de exortá-los a ter uma vida consistente com seu
chamado.
O “velho homem” é um termo encontrado em três lugares nas epístolas de
Paulo – Romanos 6:6; Efésios 4:22; Colossenses 3:9. Não é a carne, mas um termo
abstrato que descreve o corrupto estado ou condição da raça caída de Adão. O
velho homem é a incorporação de cada característica horrível que marca a raça
do homem caído.
Romanos 6:6 diz: “Sabendo isto, que o nosso homem velho
foi com Ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito [anulado
– JND], para que não sirvamos mais ao
pecado”. Aprendemos com isso que
Deus julgou o velho homem na cruz de Cristo (Rm 8:3). Não só o nosso velho
homem foi julgado na cruz, mas estes versos em Efésios 4 nos dizem que, como
parte de nossa confissão Cristã, despimos o velho homem e vestimos o novo homem. Ao fazer a
profissão de ser Cristão, confessadamente nos dissociamos de tudo do velho
homem e nos identificamos com tudo do novo homem.
Infelizmente, a versão KJV (assim
como as versões em português), traduz os versículos 22-24 como se o se despir
do velho homem e o se revestir do novo fosse algo que devamos fazer em nossas
vidas. Contudo, isto não é um exercício Cristão; é algo que nós fizemos ao tomar nossa posição com
Cristo. O versículo 22 devia ser lido: “o
fato do seu despojamento, de acordo com o trato anterior, do velho homem”
(JND). E versículo 24 deveria ser lido, “e
vosso revestimento do novo homem” (JND).
O “velho homem” é um termo frequentemente usado como um sinônimo para
“a carne” (nossa natureza pecaminosa
caída) pela maioria dos Cristãos. Mas isto é incorreto. J. N. Darby observou, “O
velho homem está sendo habitualmente usado como a carne, incorretamente.”
Quando olhamos as Escrituras com cuidado, vemos claramente que o velho homem e
a carne não são a mesma coisa e, portanto, não podem ser usados de forma
intercambiável. Se o “velho homem” fosse
a carne, então esta passagem estaria nos dizendo que fomos despidos da carne –
que não temos mais a natureza pecaminosa em nós! Isto claramente não é verdade.
Além disso, nunca é dito que o “velho
homem” está em nós, mas a carne
certamente está. F. G. Patterson disse, “Nem eu acho que a Escritura nos
deixará dizer que temos o velho homem em
nós – enquanto ensina mais plenamente que temos a carne em nós até o fim”.
Nem é correto dizer que o “velho homem” tem apetites, desejos, e
emoções, como a carne tem. Muitas vezes Cristãos dirão coisas como: “O velho
homem em nós deseja aquelas coisas que são pecaminosas”. Ou: “Nosso velho homem
quer fazer esta ou aquela coisa má...”. Tais declarações estão confundindo o
velho homem com a carne. H. C. B. G. disse: “Eu sei o que um Cristão pensa
quando, ao perder a paciência, diz ser o ‘velho homem’, embora a expressão esteja
errada. Se ele dissesse que era ‘a carne’, ele teria sido mais correto”.
Também acrescentaríamos que o
“velho homem” não é Adão
pessoalmente, mas o que é característico
da raça caída sob ele. Para perceber o velho homem mais claramente devemos
olhar a raça caída como um todo, pois é improvável que alguma pessoa fosse marcada
por todos os traços que caracterizam aquele estado corrompido. Quando tomamos a
raça como um todo, vemos todas as características horríveis que compõe o velho
homem.
O “velho homem”, portanto, não é algo vivo no crente com apetites,
desejos, e emoções, mas sim, é um termo
abstrato descrevendo o estado corrompido da raça caída do homem, que Deus
julgou na cruz, e o crente professamente foi despido dele ao se identificar com
o testemunho Cristão.
O “novo homem” também é um termo abstrato. Denota a nova ordem de
perfeição moral na nova raça de criação sob Cristo. Talvez pudéssemos dizer que
o novo homem é o novo estado que caracteriza a nova raça de homens sob Cristo. O
velho homem é caracterizado por “corrupção”
e “engano”, mas o novo homem é
caracterizado por “justiça” e “santidade”.
O
“novo homem” não é Cristo
pessoalmente, mas é Cristo caracteristicamente.
Esta nova ordem moral do homem, primeiro foi vista em “Jesus”, quando Ele andou aqui neste mundo (v. 21), e agora marca
todos na nova raça de criação sob Cristo que andam no Espírito. A nova raça sob
Cristo não teve seu começo até Ele ter ressuscitado dos mortos para ser Cabeça
dessa nova raça. Como “O Primogênito
dentre os mortos” (Cl 1:18), Ele
enviou o Espírito de Deus ao mundo para ligar os crentes (“muitos irmãos”) a Si mesmo (Rm 8:29). Agora eles são da mesma ordem
de humanidade como Ele mesmo (da mesma “espécie”
– Gn 1:21, 24-25). Neste sentido, somos “todos
de um” com Ele nesta nova raça (Hb 2:10-13). O “novo homem”, portanto, é um termo que denota as características morais
da nova raça de homens sob Cristo.
Já que o “novo homem” é formado de acordo com a imagem daqu’Ele que o criou
(Cl 3:10), sendo parte da nova raça da criação, somos totalmente capazes de
agora representar Cristo aqui neste mundo. Como Cristãos, as características do
novo homem devem ser vistas em nós, e serão quando andarmos no Espírito (Gl
5:16). Em Colossenses 3:12-15, Paulo menciona dez características morais do
novo homem, que é como os santos devem ser vistos diante do mundo. Essas coisas
são as características morais de Cristo. Quando elas são vistas nos santos ao
se moverem juntos de forma coletiva, a verdade de “Cristo em vós, a esperança
da glória” será manifestada diante do mundo (Cl 1:27):
- “Compaixão” (Mt 14:14; Mc 1:41).
- “Bondade” (Ef 4:32).
- “Humildade” (Mt 11:29).
- “Mansidão” (Mt 11:29).
- “Longanimidade” (Hb 12:3).
- “Paciência” (Mt 26:63; Jo 19:9).
- “Perdão” (Lc 23:34).
- “Amor” (Jo 13:1).
- “Paz” (Jo 14:27).
- “Gratidão” (Mt 11:25).
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