sábado, 11 de agosto de 2018

O “Velho Homem” e O “Novo Homem”


O “Velho Homem” e O “Novo Homem”

Vs. 22-24 – Para que possamos manifestar as características morais de Cristo neste mundo, devemos primeiramente entender certas verdades no que diz respeito ao “velho homem” e ao “novo homem”. Por isso, o apóstolo fala disto antes de exortá-los a ter uma vida consistente com seu chamado.
                   O “velho homem” é um termo encontrado em três lugares nas epístolas de Paulo – Romanos 6:6; Efésios 4:22; Colossenses 3:9. Não é a carne, mas um termo abstrato que descreve o corrupto estado ou condição da raça caída de Adão. O velho homem é a incorporação de cada característica horrível que marca a raça do homem caído.
                   Romanos 6:6 diz: “Sabendo isto, que o nosso homem velho foi com Ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito [anulado – JND], para que não sirvamos mais ao pecado”. Aprendemos com isso que Deus julgou o velho homem na cruz de Cristo (Rm 8:3). Não só o nosso velho homem foi julgado na cruz, mas estes versos em Efésios 4 nos dizem que, como parte de nossa confissão Cristã, despimos o velho homem e vestimos o novo homem. Ao fazer a profissão de ser Cristão, confessadamente nos dissociamos de tudo do velho homem e nos identificamos com tudo do novo homem.
                   Infelizmente, a versão KJV (assim como as versões em português), traduz os versículos 22-24 como se o se despir do velho homem e o se revestir do novo fosse algo que devamos fazer em nossas vidas. Contudo, isto não é um exercício Cristão; é algo que nós fizemos ao tomar nossa posição com Cristo. O versículo 22 devia ser lido: “o fato do seu despojamento, de acordo com o trato anterior, do velho homem” (JND). E versículo 24 deveria ser lido, “e vosso revestimento do novo homem” (JND).
                   O “velho homem” é um termo frequentemente usado como um sinônimo para “a carne” (nossa natureza pecaminosa caída) pela maioria dos Cristãos. Mas isto é incorreto. J. N. Darby observou, “O velho homem está sendo habitualmente usado como a carne, incorretamente.” Quando olhamos as Escrituras com cuidado, vemos claramente que o velho homem e a carne não são a mesma coisa e, portanto, não podem ser usados de forma intercambiável. Se o “velho homem” fosse a carne, então esta passagem estaria nos dizendo que fomos despidos da carne – que não temos mais a natureza pecaminosa em nós! Isto claramente não é verdade. Além disso, nunca é dito que o “velho homem” está em nós, mas a carne certamente está. F. G. Patterson disse, “Nem eu acho que a Escritura nos deixará dizer que temos o velho homem em nós – enquanto ensina mais plenamente que temos a carne em nós até o fim”.
                   Nem é correto dizer que o “velho homem” tem apetites, desejos, e emoções, como a carne tem. Muitas vezes Cristãos dirão coisas como: “O velho homem em nós deseja aquelas coisas que são pecaminosas”. Ou: “Nosso velho homem quer fazer esta ou aquela coisa má...”. Tais declarações estão confundindo o velho homem com a carne. H. C. B. G. disse: “Eu sei o que um Cristão pensa quando, ao perder a paciência, diz ser o ‘velho homem’, embora a expressão esteja errada. Se ele dissesse que era ‘a carne’, ele teria sido mais correto”.
                   Também acrescentaríamos que o “velho homem” não é Adão pessoalmente, mas o que é característico da raça caída sob ele. Para perceber o velho homem mais claramente devemos olhar a raça caída como um todo, pois é improvável que alguma pessoa fosse marcada por todos os traços que caracterizam aquele estado corrompido. Quando tomamos a raça como um todo, vemos todas as características horríveis que compõe o velho homem.
                   O “velho homem”, portanto, não é algo vivo no crente com apetites, desejos, e emoções, mas sim, é um termo abstrato descrevendo o estado corrompido da raça caída do homem, que Deus julgou na cruz, e o crente professamente foi despido dele ao se identificar com o testemunho Cristão.
                   O “novo homem” também é um termo abstrato. Denota a nova ordem de perfeição moral na nova raça de criação sob Cristo. Talvez pudéssemos dizer que o novo homem é o novo estado que caracteriza a nova raça de homens sob Cristo. O velho homem é caracterizado por “corrupção” e “engano”, mas o novo homem é caracterizado por “justiça” e “santidade”.
O “novo homem” não é Cristo pessoalmente, mas é Cristo caracteristicamente. Esta nova ordem moral do homem, primeiro foi vista em “Jesus”, quando Ele andou aqui neste mundo (v. 21), e agora marca todos na nova raça de criação sob Cristo que andam no Espírito. A nova raça sob Cristo não teve seu começo até Ele ter ressuscitado dos mortos para ser Cabeça dessa nova raça. Como “O Primogênito dentre os mortos” (Cl 1:18), Ele enviou o Espírito de Deus ao mundo para ligar os crentes (“muitos irmãos”) a Si mesmo (Rm 8:29). Agora eles são da mesma ordem de humanidade como Ele mesmo (da mesma “espécie” – Gn 1:21, 24-25). Neste sentido, somos “todos de um” com Ele nesta nova raça (Hb 2:10-13). O “novo homem”, portanto, é um termo que denota as características morais da nova raça de homens sob Cristo.
                   Já que o “novo homem” é formado de acordo com a imagem daqu’Ele que o criou (Cl 3:10), sendo parte da nova raça da criação, somos totalmente capazes de agora representar Cristo aqui neste mundo. Como Cristãos, as características do novo homem devem ser vistas em nós, e serão quando andarmos no Espírito (Gl 5:16). Em Colossenses 3:12-15, Paulo menciona dez características morais do novo homem, que é como os santos devem ser vistos diante do mundo. Essas coisas são as características morais de Cristo. Quando elas são vistas nos santos ao se moverem juntos de forma coletiva, a verdade de “Cristo em vós, a esperança da glória” será manifestada diante do mundo (Cl 1:27):
  •  “Compaixão” (Mt 14:14; Mc 1:41).
  •  “Bondade” (Ef 4:32).
  •  “Humildade” (Mt 11:29).
  •  “Mansidão” (Mt 11:29).
  •  “Longanimidade” (Hb 12:3).
  •  “Paciência” (Mt 26:63; Jo 19:9).
  •  “Perdão” (Lc 23:34).
  •  “Amor” (Jo 13:1).
  •  “Paz” (Jo 14:27).
  •  “Gratidão” (Mt 11:25).


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