segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Senhores


Senhores

Cap. 6:9 – O apóstolo tem um aviso para os “senhores” Cristãos. Eles devem se lembrar de que têm um “Senhor” no céu que está observando todas as coisas, e, se necessário, agirá de uma maneira governamental contra um senhor injusto na Terra. Filemom seria um exemplo na Escritura de um senhor Cristão.

                   Como mencionado, as exortações aqui têm sua aplicação para aqueles que são empregadores. Um tremendo testemunho pode ser rendido ao Senhor quando as pessoas vêm um senhor Cristão tratando seus empregados com amor, cuidado e dignidade. A tentativa de aumentar a produção usando “ameaças” aos empregados não é um princípio Cristão, e devem evitar usar tal tática. Empregadores Cristãos precisam se lembrar de que eles também estão debaixo de autoridade e por fim terão de responder a Deus sobre como eles trataram seus empregados. Se eles se comportarem erroneamente redundará em um mal testemunho para o Senhor.

Servos

Servos


Capítulo 6:5-8 – “Servos” deveria ser traduzido “escravos”. As instruções aqui são para os dessa classe que tinham sido salvos. Consequentemente, eles eram escravos Cristãos. Enquanto os relacionamentos prévios de esposas/maridos, e filhos/pais são ordenações de Deus, esta posição em vida não é uma instituição de Deus. Isso aconteceu pela queda do homem. Era uma instituição humana forçada sobre seu parceiro por razões injustas. Deus nunca instituiu que alguém devesse ser escravo de outro homem.
                   É significativo que Paulo não tenta acertar esse relacionamento senhores/escravos feito pelo homem. Cristianismo não é uma tentativa de reformar a sociedade com uma revolução contra essa terrível instituição do homem. Paulo não pediu aos santos para fazerem campanha contra isso, ou dissolverem tais relacionamentos se eles estivessem neles. Isto é porque o evangelho não é uma força para consertar o mundo; o evangelho chama para fora a todos os que têm fé antes que o julgamento de Deus caia sobre o mundo. O evangelho proclama libertação, não das injustiças da sociedade, mas do pecado e do julgamento. Promete a obra do “poder de Deus” nas vidas daqueles que creem, libertando-os do domínio do pecado (Rm 1:16).
                   Podemos nos perguntar como uma passagem como essa teria alguma relevância para nós, em pleno século 21 onde a escravidão foi abolida há muito tempo. Contudo, as exortações aqui têm sua aplicação aos Cristãos no local de trabalho. Quando trabalhamos como empregados, em princípio, estamos no lugar de um servo, servindo nosso senhor, o empregador. Portanto, estas instruções se aplicam quando estamos neste relacionamento.
                   O ponto fundamental do apóstolo nestas instruções é que ambos, servos e senhores, devem regular suas condutas pelo padrão e princípios Cristãos no local de trabalho. Cristianismo encoraja glorificar a Deus e servir ao Senhor no lugar onde nós fomos chamados (1 Co 7:17-24). O local de trabalho é uma tremenda oportunidade para dar testemunho de Cristo por meio de nossos hábitos de trabalho, nossa maneira de viver e nossa obediência a nossos empregadores terrenais. Portanto, Paulo queria que servíssemos aos senhores em nosso local de trabalho “como servos de Cristo”. O trabalho é imensamente dignificante, considerando o nosso trabalho desse modo. A tarefa do trabalhador mais humilde pode ser enobrecida pela compreensão de que estamos realmente “servindo de boa vontade como ao Senhor”.
                   Atitude apropriada no campo do trabalho entre Cristãos requer, da parte de servos e senhores, o reconhecimento da autoridade constituída. O dever dos servos é obediência. Não “servindo à vista” ou “como para agradar aos homens”. Servir à vista é trabalhar quando estamos sendo vistos, mas caso contrário, ficar ociosos ou descuidados quando o senhor está ausente. Agradar aos homens define aqueles que buscam obter favores com seus senhores visando vantagem própria. Estas coisas, claro, somente estragam nosso testemunho Cristão perante o mundo.

Pais


Pais

Cap. 6:4 – “E vós, pais, não provoqueis a ira a vossos filhos”. Os pais precisam, particularmente, ter o cuidado de não frustrar seus filhos, impondo obrigações extremas a eles e, assim, destruir sua influência para o bem e perder a suas afeições. Os filhos podem ficar “desanimados” e desistir. (Cl 3:21). Quando ficarem mais velhos, suas frustrações podem se manifestar em rebeldia contra tudo que seus pais tenham procurado incutir neles.
                   O trabalho dos pais é de encorajar seus filhos, e não os desencorajar. Eles devem ser criados “na doutrina [disciplina – ARA] e admoestação do Senhor” (v. 4) Há duas coisas aqui. “Disciplina” e “admoestação”. Uma é positiva e a outra negativa. Disciplina neste versículo não é punição, mas a ideia de treinar ou discipular os filhos. Pais devem trabalhar com eles, criando-os para serem discípulos do Senhor Jesus. Admoestação tem o pensamento de corrigir, mas é para ser “do Senhor”. Isto é, no mesmo caráter como o Senhor nos admoesta e corrige. Isso coloca as coisas no lar Cristão em um nível muito alto e está de acordo com o caráter da epístola.

Filhos



Filhos

Cap. 6:1-3 – Como a epístola não vê o testemunho Cristão em ruína, ela vê o lar Cristão em uma ordem piedosa. O lugar dos filhos no lar é de “obedecer” a seus pais. É apresentado como o caminho da bênção prática em suas vidas. Nota: é dito, “pais” (plural); isso supõe que tanto o pai quanto a mãe estão concordes em suas instruções no lar. Há uma tendência de os filhos obedecerem a seu pai (talvez por medo), mas não à sua mãe; portanto, eles são intimados a obedecer a ambos os pais. O fato de adicionar as palavras “no Senhor” supõe que ele está se dirigindo a filhos crentes que naturalmente querem agradar o Senhor.
                   “Honra a teu pai e a tua mãe”. Esta é uma obrigação que se estende além de uma criança na casa de seu pai. Honrar a nossos pais deve ser algo contínuo ao longo de nossas vidas, mesmo quando não vivemos diretamente sob a autoridade deles. Há uma recompensa prática em se honrar nossos pais, no sentido de Deus estar trabalhando providencialmente em nossas vidas para o bem. Paulo não está dizendo que cada criança Cristã que obedece a seus pais vai viver muito nesta Terra, mas ele se refere ao princípio do governo de Deus na lei Mosaica que promete Seu favor providencial na vida daqueles que honram a seus pais. Deus ainda hoje trabalha sob esse princípio nos lares Cristãos.

Três Razões para Obediência e Honra aos Pais

  • Isto é justo (v. 1).
  • Está de acordo com as Escrituras (v. 2).
  • Há uma promessa de bênção governamental (v. 3).


Maridos



Maridos

Cap. 5:25-33 – Como mencionado, homens são mais propensos que a mulher a falhar em afeição, portanto, maridos são exortados: “amai vossas mulheres”. O primeiro passo repousa sobre o marido. Cristo é o exemplo. Ele tomou a iniciativa da maneira mais maravilhosa. É dito, “Como também Cristo amou a Igreja, e a Si mesmo Se entregou por ela”. Ele não deu dinheiro ou posses; Ele Se deu “a Si mesmo” (Gl 1:4; Ef 5:2, 25; 1 Tm 2:5-6; Tt 2:14). Ele não poderia ter dado mais. Esta é a maior demonstração de sacrifício próprio que poderia haver. Já que os maridos devem amar suas esposas “como” Cristo amou a Igreja, eles devem expressar seu amor não só em palavras, mas também sacrificando seus próprios interesses para o bem e auxílio de sua esposa. Um casamento pode ser feito no céu (como alguns falam,), mas a sua manutenção é feita na Terra – e isso começa com os maridos amando suas mulheres.
                   A palavra grega usada aqui para amor é “ágape”. É um amor que emana de uma disposição estabelecida; é uma escolha ou uma decisão estabelecida. A palavra usada aqui para “amor” não é “phileo”, como talvez pudéssemos pensar, que é um amor de afeição e emoção. Ágape é o tipo de amor necessário para um casamento duradouro. Certamente o marido deve amar sua esposa com emoção e afeição, como é em “phileo”, mas o amor ágape é o que é necessário para levar o casamento à distância de uma vida. A esposa pode mudar conforme envelhece, mas a escolha do seu marido de amá-la continuará para sempre.
                   Ágape é o tipo de “amor” que o Senhor tem por nós. Ele escolheu colocar Seu amor em nós quando naturalmente não havia nada em nós para amar (Rm 5:8). Foi uma escolha soberana d’Ele. (Compare também o amor do Senhor por Israel – Dt 7:7-8; Ez 16:6-14). Nota: Ele não fez a Igreja digna de ser amada, para então a amar e Se dar a Si mesmo por ela – Seu amor e Sua entrega foram antes de nos salvar! O propósito do sacrifício de Cristo não era para assegurar o amor de Deus para com os homens, pois Deus nos amou muito antes de Cristo ter morrido por nós. De fato, Deus agir em amor para com os homens foi provado pelo sacrifício de Cristo. Este é o tipo de amor que é necessário para um casamento duradouro.
                   O “amor” de Cristo pela a Igreja é tripartido. Há o que Seu amor fez no passado (v. 25), o que Seu amor está fazendo no presente (v. 26), e o que Seu amor fará no futuro (v. 27). Seu amor por nós no passado O levou a Se entregar Si mesmo à morte para fazer expiação por nossas almas. No tempo presente, Ele está pacientemente trabalhando com os membros de Seu corpo para os “santificar” e “purificar” com a “lavagem da água, pela Palavra”. Derramando Seu sangue na morte, nos limpou num sentido judicial (1 Jo 1:7; Ap 1:5-6), mas com a água da Palavra está purificando nosso andar num sentido prático. A “Palavra” descobre para nós o que somos e nos leva ao julgamento próprio (Jo 17:17) e nos ocupa com Cristo em glória (Jo 17:19). Estas duas coisas são o poder para nossa purificação prática. Então, no futuro, o Senhor vai “apresentar” a Igreja a Si mesmo. Isto acontecerá na “ceia das bodas do Cordeiro” (Ap 19:7-9). Ele apresentará a Igreja a Si mesmo antes de apresentá-la ao mundo na Sua Aparição (2 Ts 1:10).
                   Não devemos deduzir disso que os maridos devam empreender um projeto de purificação e santificação das suas esposas, no sentido de tentar mudá-las e moldá-las em algo que elas não são. O modelo de Cristo e Seu amor é apresentado aqui como um exemplo, aos maridos, da profundidade de Sua devoção à Igreja. Nós, como maridos, devemos ter esse mesmo amor e cuidado para com nossas esposas.
                   O Senhor não ficará satisfeito até a Igreja estar perfeitamente adequada a Si mesmo. Paulo menciona quatro coisas que Sua obra fez e produzirá em nós (v. 27) No final, nós seremos “a Igreja gloriosa”:

  • “Sem mácula” – sem manchas. Máculas na Escritura referem-se a falhas. Naquele dia, nenhum vestígio de falha será visto na Igreja.
  • “Sem ruga” – sem idade. Não haverá sinais de envelhecimento. Todos seremos “semelhantes” ao Senhor, moralmente (1 Jo 3:2) e fisicamente (Fp 3:21). Ele estará no “orvalho” de Sua mocidade e nós estaremos também (Sl 110:3)
  • “Santa” – sem pecado. A natureza caída será erradicada, e nós nunca mais pecaremos.
  • “Irrepreensível” – inculpável. O mundo não será capaz de apontar com justiça um dedo de acusação para nós, pois seremos perfeitos por meio de Sua incomparável graça.

                   Vs. 29-30 – AIBB – Nutrir tem o sentido de alimentar e fortalecer, e isso pode sugerir que devamos gozar da verdade com nossas esposas enquanto estudamos a Palavra de Deus juntos. Prezar implica sério cuidado, amor, e consideração. Essas coisas fazem um casamento feliz. É fácil perceber que se o marido dá a sua esposa o devido amor, ela não terá muita dificuldade em ser submissa a ele.

Um Sétuplo Resumo da Grande Obra de Cristo para Assegurar a Igreja para Si

A iniciativa sétupla de Cristo para a Igreja, indicando Sua devoção completa para o bem estar dela é algo progressivo. Ele:
  • 1)      “amou” (v. 25).
  • 2)      “entregou” (v. 25).
  • 3)      “santifica” (v. 26).
  • 4)      “purifica” (v. 26).
  • 5)      “nutre” (v. 29 – AIBB).
  • 6)      “preza” (v. 29 – AIBB).
  • 7)      “apresentará” a Igreja a Si mesmo (v. 27).


Esposas


Esposas


Cap. 5:22-24 – Em relação aos maridos e esposas, Hamilton Smith disse, “Estas exortações especiais sempre têm em vista a característica particular em que o indivíduo abordado provavelmente falhará. A mulher é passível de falhar quanto à submissão, e é, portanto, lembrada de que o marido é a cabeça da esposa, e que seu lugar é de estar “sujeita”. O homem é mais propenso a falhar quanto à afeição do que a mulher. Portanto, maridos são exortados: “amai” suas esposas.
                   Para enfatizar o caráter de submissão que precisamos, Paulo aponta a “Cristo e a Igreja” como modelo (v. 32). No Cristianismo, nossos relacionamentos terrenais são formados segundo o padrão de nossos relacionamentos celestiais. Nós vemos a partir disso que Deus pretende que o efeito prático da verdade do Mistério seja aplicado nas relações pessoais em nossos lares.
                   “Esposas” devem ser “sujeitas” (ATB) aos seus maridos “como ao Senhor”. Não lhes é dito para obedecer, como é no caso das crianças (cap. 6:1), porque elas têm um relacionamento diferente com o cabeça do lar. Pode ser argumentado que Sara “obedeceu” a Abraão, mas ela não estava no terreno Cristão naquela velha economia (1 Pe 3:6). Ela também o chamou de “senhor”, mas, de novo, não significa que esposas Cristãs devem chamar seus maridos de “senhor”. Sara é trazida diante de nós na epístola de Pedro para ilustrar a reverência que esposas Cristãs devem ter para com seus maridos.
                   Como a Igreja está “sujeita a Cristo”, assim a esposa deve estar sujeita a seu marido. Deve ser mantido em mente que a verdade dada aqui, a respeito do marido e da mulher, está de acordo com o que é encontrado em toda a epístola, naquilo que é o ideal de Deus. Como mencionado antes, a epístola não leva em conta a ruína do testemunho Cristão – seja na realização da verdade do um só corpo na prática, ou no nosso andar particular com o Senhor por este mundo, ou ainda em nossos relacionamentos terrenais em nossos lares. Tudo é apresentado de acordo com o desejo de Deus. Nós mencionamos isso porque a Igreja, neste dia de ruína, não está em submissão a Cristo. Se as irmãs forem se comportar em relação a seus maridos “como” a Igreja faz em relação Cristo neste dia, elas seriam insubmissas e rebeldes! Mas isso seria perder o foco desta exortação.
                   Uma esposa pode reclamar que seu marido é um homem grosseiro e bastante incompetente. E pode até ser o caso, mas isso não dá permissão para ela colocar de lado a ordem divina no lar. É importante que ela permaneça sujeita a ele porque o lugar dela ilustra a posição em que a Igreja está em relação a Cristo. Uma esposa insubmissa descaracteriza a figura.
                   Algumas esposas podem compreensivelmente ter dificuldade com o comentário de Paulo sobre ser sujeita a seus maridos “em tudo” (v. 24). E se ele pedir para ela fazer algo que é claramente errado – talvez mentir ou roubar algo? Mais uma vez ressaltamos que Efésios não contempla a Igreja em falha e, portanto, não supõe o marido ou a esposa fazendo qualquer coisa senão o que é normal ao Cristianismo – o que está totalmente acima do pecado. Colossenses 3:18 qualifica a submissão da esposa, dizendo: “Como convém no Senhor”. É para ela fazer tudo que ele pede, mas como convém no Senhor. Pecar porque seu marido fala para ela assim fazer está fora de questão.

Andar digno de nossa chamada em nossos lares


ANDAR DIGNO DE NOSSA CHAMADA EM NOSSOS LARES
(Cap. 5:22-6:9)

As exortações no capítulo 5:18-21 eram direcionadas para todos os crentes, mas nesta parte da epístola temos exortações referentes àqueles em relacionamentos especiais no lar Cristão. As exortações que agora estão perante nós correspondem com o terceiro círculo da responsabilidade Cristã no capítulo 4:6 – “um só Deus e Pai de todos, O qual é sobre todos, e por todos e em todos”. Estas exortações têm a ver com nosso andar em conexão com nossos relacionamentos naturais e terrenais, no ambiente doméstico. Deus estabeleceu estes relacionamentos muito antes de o Cristianismo ter entrado neste mundo, mas nesta epístola o apóstolo Paulo dá o sentido e o significado Cristão desses relacionamentos.

                   Submissão é a tema ao longo desta passagem inteira. Isso é porque as esposas são exortadas antes dos maridos, e os filhos antes dos pais, e servos antes dos senhores. O Espírito de Deus propositadamente colocou desta forma para dar valor a este grande e importante princípio de submissão. J. N. Darby disse: “Submissão é o princípio de cura da humanidade.” É bom mantermos isso em mente quando olhamos para esses vários relacionamentos no lar.

domingo, 12 de agosto de 2018

Uma evidência tripla de estar cheios do Espírito Santo


UMA EVIDÊNCIA TRIPLA DE ESTAR CHEIOS DO ESPÍRITO SANTO
  • Nós temos um espírito alegre no “Senhor” (v. 19).
  • Nós temos um espírito grato a “Deus, o Pai” (v. 20 - AIBB).
  • Nós temos um espírito submisso “uns aos outros” (v. 21).


                   Concluindo, se é para manifestar uma mudança de caráter em nossas vidas, devemos ter as duas coisas que Paulo menciona no começo e fim dessa seção. Nós precisamos estar “instruídos n’Ele, como está a verdade em Jesus” (cap. 4:21 - ATB) e estar cheios “do Espírito” (cap. 5:18). Em outras palavras, devemos ter a vida perfeita do Senhor Jesus perante nossas almas, como nosso modelo, e andar no poder do Espírito não entristecido de Deus (cap. 4:30). O primeiro diz respeito à necessidade de ter um objeto correto para nossos corações e o segundo está em relação a ter um exercício moral para andar no Espírito.


Andar em sabedoria

Andar em Sabedoria


Cap. 5:15-22 – O apóstolo passa a falar da necessidade de andar em sabedoria. Ele diz: “Portanto, vede prudentemente [cuidadosamente – ATB] como andais, não como néscios, mas como sábios”. Nossa sabedoria será vista em “Remindo o tempo [as oportunidades – AIBB] e andando na “vontade do Senhor”. Paulo dá a razão para isso: “porquanto os dias são maus”. A sabedoria nos incumbiria de aproveitar cada oportunidade para obter um entendimento do que “seja a vontade do Senhor”, que essencialmente é a verdade, e é revelada no Mistério em sua aplicação prática. Ele quer que conheçamos Sua vontade para que possamos inteligentemente promover a “dispensação de Deus” (ATB) neste presente tempo (1 Tm 1:4). Não só devemos aproveitar as oportunidades para aprender a verdade, mas também para servir o Senhor. Uma vez que são poucas as oportunidades de trazer homens à luz, devemos aproveitar cada ocasião que surge e usá-la com sabedoria.
                   V. 18 – Paulo avisa que se descuidadamente deixarmos passar tais oportunidades, nossas vidas podem ser rapidamente desperdiçadas na busca de coisas terrenas e mundanas, que não têm qualquer valor eterno. Há um real perigo de intoxicação com essas coisas ao ponto de perdermos nosso discernimento. O caso extremo de mundanismo é de se embriagar “com vinho, em que há contenda”. Em contraste com isso, ele nos exorta a nos encher “do Espírito”. O apóstolo quer que notemos que, assim como uma pessoa embriagada está totalmente sob o controle do álcool que está dentro dele – o que fica evidente pelas suas ações – assim também o crente deveria estar sob o controle do Espírito de Deus que habita nele – e isso ficará evidente em sua vida.
                   Estar “cheio” do Espírito (cap. 5:18) não é o mesmo de ser “selado” com o Espírito (cap. 1:13). Todos os Cristãos são selados com o Espírito, mas nem todos os Cristãos estão cheios do Espírito. Isso porque uma coisa é ter o Espírito Santo habitando em nós e outra, completamente diferente, é Ele estar enchendo-nos e assim nos controlando cada movimento de nossas vidas. Um crente é selado uma vez, quando crê no evangelho da sua salvação, mas ele pode ser cheio muitas vezes. Não há exortação nas Escrituras para ser selado com o Espírito, mas há a exortação de nos enchermos com aqu’Ela divina Pessoa. Isso não significa que precisamos ter mais do Espírito (porque Deus não dá o Seu Espírito “por medida” Jo 3:34), mas sim que o Espírito precisa ter mais de nós. Precisamos ser mais permissivos a Ele, e deixá-Lo encher e controlar cada aspecto de nossas vidas. Isso envolve uma condição de entrega suprema a Cristo como Senhor.
                   Temos exemplos de discípulos, no início da Igreja, sendo cheios com o Espírito, como registrado no livro de Atos (At 2:4, 4:8, 31, 7:55, 13:9), e podemos estar inclinados a pensar que isso é uma experiência excepcional e acima de qualquer coisa que poderíamos esperar hoje em dia. Mas é evidente, nesse versículo 18, que é algo que deveríamos desejar e focar na nossa vida Cristã. Definitivamente isto está ao alcance de cada Cristão, de outra forma, não haveria essa exortação.
                   Vs. 19-21 – Quando um Cristão está “cheio do Espírito”, será encontrado regozijando-se e falando com os outros com “salmos e hinos, e cânticos espirituais” (v. 19). Estes são três diferentes tipos de composições Cristãs que expressam pensamentos e sentimentos espirituais no que diz respeito ao Senhor, à verdade e ao caminho que trilhamos.
                   “Salmos” não são, como alguns Cristãos pensam, os Salmos do Velho Testamento. Se fossem eles, o Espirito de Deus teria acrescentado o artigo “os” antes da palavra “Salmos”, como faz em outras passagens da Escritura quando Se refere a eles (Lc 24:44; At 13:33). Estes salmos são composições que são baseadas em experiências Cristãs, pelas quais passamos por andar com o Senhor.
                   Os Salmos do Velho Testamento são composições judaicas expressando experiências e sentimentos judaicos; não estão num cenário Cristão e não transmitem corretamente conhecimento e sentimentos Cristãos. Por exemplo, o nome do Pai, que é característico do Cristianismo, não é conhecido neles. Por isso, a vida eterna não está em vista nos Salmos. Além disso, a obra consumada de Cristo não é conhecida nos Salmos, nem a aceitação do crente em Cristo diante de Deus pela habitação do Espírito. Os Salmos do Velho Testamento não retratam os sentimentos de alguém que tem uma consciência purificada e conhece a paz com Deus.
                   Consequentemente, eles são compostos com um elemento de temor do julgamento de Deus, apesar de terem fé. Além disso, a esperança nos Salmos não está no céu, mas em viver na Terra no reino do Messias de Israel. (Sl 25:13, 37:9, 11, 29, 34 etc.). A adoração também é a de uma ordem judaica, num templo terrenal; a posição de um Cristão adorando dentro do véu é totalmente desconhecida neles. Além do que o clamor, em muitas das orações nos Salmos, é para vingança sobre seus inimigos, o que não é a atitude de um Cristão que bendiz aqueles que o maldizem e ora por aqueles que o maltratam. Os Salmos do Velho Testamento não são para serem lidos como a expressão dos pensamentos e experiências Cristãs normais. Podemos lê-los para obter um entendimento das circunstâncias do remanescente judeu na Tribulação vindoura, e também podemos coletar princípios morais de Deus neles, que são aplicáveis aos santos de todas as épocas.
                   “Hinos” são composições que expressam adoração e se dirigem a Deus, o Pai, e ao Senhor Jesus Cristo diretamente. Estes podem tomar a forma de orações.
                   “Cânticos espirituais” são composições que contêm verdades espirituais de acordo com a revelação Cristã, pelas quais somos instruídos e exortados no caminho Cristão. Eles podem agir “ensinando-vos” algum aspecto da verdade ou “admoestando-vos” quanto a algum ponto prático da vida Cristã (Cl 3:16).
                   O estar cheio “com o Espírito” não só é evidenciado em Cristãos “cantando e salmodiando” com seus corações (v. 19), mas também ao serem encontrados “dando graças” em todas as circunstâncias em que se encontram (v. 20). Também se manifestará quando alegremente estiverem se “sujeitando” uns aos outros e andando juntos em unidade (v. 21).

Andar na luz


Andar Na Luz

Cap. 5:8-14 – Nos primeiros sete versículos o atributo moral que o apóstolo teria para os filhos de Deus manifestar é “amor”. Nesta próxima série de versículos o atributo moral que ele foca é “luz”. Ele emprega as figuras de “luz” e “trevas” para enfatizar a importância do crente andar em separação do mal.
                   Vs. 8-10 – Ele disse, “Porque noutro tempo éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor”. Trevas implica a ausência do conhecimento de Deus – ignorância total da vontade divina. Os santos de Éfeso não estavam somente nas trevas nos seus dias de não convertidos; eles próprios eram “trevas”. Agora que eles eram salvos, deveria haver um evidente contraste em suas vidas em relação a tudo aquilo que eles foram. A verdade do evangelho penetrou em suas almas e transformou suas vidas. A luz de Deus os iluminou moral e espiritualmente. Não só eles estavam na luz; agora eles eram “luz no Senhor”.
                   Paulo emprega estas figuras de luz e trevas para mostrar que nossa nova vida no Senhor é completamente oposta à nossa velha vida na carne. Como são opostas e não podem viver juntas. Se a luz se manifesta, as trevas desaparecem. Como as duas são incompatíveis, para sermos consistentes com o que somos, o apóstolo insiste na separação em nossas vidas. Somos “luz no Senhor”, portanto, devemos andar “como filhos da luz” (v. 8). Devemos praticar o que efetivamente somos na realidade. Essa é uma das grandes diferenças entre a Lei e o evangelho. A Lei demanda os homens serem o que eles não são; o evangelho exorta os crentes a serem o que eles são. Para não deixar dúvidas do que a luz produz nas vidas dos santos, ele diz num parêntese, “(Porque o fruto da luz [não “do Espírito” como na ARC] está em toda a bondade, e justiça e verdade)” (v. 9 – ATB). Quando estas coisas são manifestadas em nossas vidas, iremos provar por experiência “o que é agradável ao Senhor” (v. 10).
                   Vs. 11-13 – No versículo 7 somos avisados quanto a ter comunhão com maus obreiros deste mundo, mas no versículo 11 somos avisados quanto a ter comunhão com suas más obras. De novo, separação é ordenada ao crente. É-nos dito a não termos comunhão “com as obras infrutuosas das trevas”. Separando-nos de todas elas, nossas vidas, como luz, tornam “expostas” (JND) essas más obras (v. 13). A versão KJV traduz “exposta” como “reprovadas”, o que implica admoestação e repreensão de pessoas más e coisas más. Mas não é exatamente ao que o apóstolo está se referindo aqui. Não é o testemunho que falamos, mas o testemunho que vivemos que ele está enfatizando aqui. Expondo as infrutuosas obras das trevas não é denunciar cada prática má no mundo, falando sobre elas. É, em vez disso, andar em separação delas, pela qual a luz em nós brilhará mais intensa e distintamente. Isso vai expor tudo com o que entramos em contato. Falar sobre a corrupção, mesmo que seja para repreendê-la, nos corromperá. Por esta razão Paulo disse, “Porque o que eles fazem em oculto até dizê-lo é torpe [vergonhoso - AIBB] (v. 12). O ponto de Paulo aqui é que não precisamos falar sobre o mal para expô-lo. Ele disse, “Mas todas estas coisas se manifestam, sendo condenadas, pela luz, porque a luz tudo manifesta” (v. 13). Nossa responsabilidade é de deixar a luz brilhar, e ela vai expor tudo.

                   V. 14 – Esta necessidade de separação do mal era a preocupação do apóstolo. Havia o perigo de os santos de Éfeso não andarem em separação, e não haveria poder suficiente no testemunho deles para o Senhor. Portanto, ele dá a exortação necessária, “Desperta, tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá”. A imagem de alguém dormindo entre os mortos é uma imagem apropriada dum crente vivendo em comunhão com aqueles que estão perdidos. Um homem adormecido e um homem morto se parecem quase iguais. Apesar de um estar vivo e o outro não, todas as aparências externas são semelhantes. Isso fala de uma falha na separação prática na vida de um crente. Num tal estado ele certamente não manifestará a luz. É apenas por se levantar de entre os mortos que temos a promessa de que “Cristo te esclarecerá [iluminará – ARA]. O Senhor não Se identificará conosco em testemunho enquanto estivermos deitados entre os espiritualmente mortos. Mas quando nos separamos e nos levantamos de entre eles, Ele brilha sobre nós, e manifestaremos nosso caráter verdadeiro como uma poderosa e brilhante luz.

Andar em amor



ANDAR EM AMOR

Cap. 5:1-7 – As exortações que se seguem no capítulo 5 continuam na linha de pensamento do capítulo 4, de os santos manifestar uma mudança total de caráter que convém aos santos de Deus.
                   Uma vez que somos agora parte da família de Deus, devemos ser “imitadores de Deus, como filhos amados”. No capítulo 4 devemos imitar as maneiras perfeitas de “Jesus”. Agora no capítulo 5 devemos imitar os atributos morais de Deus. Normalmente uma criança imitará os pais na maneira de ser e falar. Da mesma forma, como filhos de Deus, devemos imitar Deus nosso Pai. Como mencionado, isto está se referindo aos Seus atributos morais, porque não podemos imitar os atributos de Deus em deidade. Os dois grandes atributos morais de Deus em particular neste capítulo são “amor” e “luz”. Amor é a atividade da Sua natureza; luz é a essência do Seu ser.
                   Andando como “filhos amados” significa que deveríamos andar como os que estão desfrutando o amor de Deus. A ênfase aqui não está em nós amando a Deus, mas sim vivendo no gozo de Seu amor por nós. Somos “queridos” para Ele. Se andarmos com esse sentimento, nós vamos “andar em amor” uns com os outros.
                   O grande exemplo de andar em amor é o próprio Cristo. No Velho Testamento, os filhos de Israel deviam amar seus próximos como a si mesmos (Lc 10:27). Mas no Novo Testamento, amor é colocado num plano substancialmente mais elevado – devemos amar “como” Cristo nos amou. E como Ele nos amou? Ele Se submeteu – até mesmo para suportar a morte – em lealdade e amor inabaláveis à vontade de Seu Pai. Foi um amor que manifestou total submissão e obediência, e era “em cheiro suave” a Deus. Foi um amor sacrificial de obediência. Este é o caráter de amor que devemos ter.
                   V. 3 – Nosso andar, por conseguinte, é para ser como “convém a santos”. Um santo significa literalmente, “um santificado” ou “um separado”. Não é apenas que “prostituição, e toda a impureza ou avareza” não devam ser encontradas entre os santos – mas que “nem ainda se nomeie” essas coisas em nossa conversação. Estas coisas não devem ser tópicos de discussão porque há contaminação conectada com o pensar ou falar sobre elas, mesmo se for para condená-las. Se nos ocuparmos nestas coisas e elas se tornarem comuns em nossa conversação, podem fazer com que elas entrem sorrateiramente em nossas vidas. Similarmente, os filhos de Israel foram avisados para não observar como as nações pagãs praticavam a idolatria porque havia o perigo de eles mesmos caírem nela (Dt 12:29-32). O velho ditado que você pode ficar tão sujo abraçando um limpador de chaminés quanto lutando com ele é certamente verdade. Aqueles que frequentemente falam sobre estas coisas corrompidas não parecem estar muito longe delas em suas almas. É um terreno perigoso.
                   V. 4 – Além disso, como “santos”, não devemos descer da dignidade de nossa posição como filhos de Deus para nos envolver em “parvoíces”[1] ou “chocarrices”[2] (v. 4). O apóstolo não está condenando humor aqui; a repreensão é contra a conversa fútil que despreze as coisas sagradas e o pecado. O Cristão deve estar cheio de amor e gratidão e de “ações de graças”. Assim se tornam aqueles que foram chamados para a posição elevada que temos em Cristo. Chocarrice, só estraga a manifestação de amor Cristão.
                   Vs. 5-6 – O apóstolo prossegue denunciando qualquer cumplicidade dos santos com os pecados da época. Ele faz uma distinção muito nítida entre aqueles que estão no “reino de Cristo e de Deus” e aqueles que não estão. Ele fala daqueles que não são crentes como sendo caracterizados por vários pecados, que certamente não têm parte no reino. Ele acrescenta, “Ninguém vos engane com palavras vãs”. Ele antecipou que haveria aqueles que se levantariam e tentariam desculpar esses pecados em crentes professantes, apresentando argumentos plausíveis de que eles não eram tão maus assim. O apóstolo resolve isso imediatamente nos dizendo que todos esses argumentos são falsos. Ele deixa claro que “por estas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência”. A versão KJV traduz “crianças da desobediência”, mas “filhos” é a palavra correta. Isso implica que estas pessoas estão completamente desenvolvidas na sua corrupção moral e desobediência. É verdade que um crente pode cair em qualquer destes pecados, mas nenhum crente verdadeiro é caracterizado por eles.
                   Seu ponto, ao mencionar isto, é de mostrar que deve haver uma marcante distinção entre crentes e incrédulos. Se temos de manifestar propriamente os atributos morais de Deus neste mundo, e andar “em amor, como também Cristo” fez, a separação é imperativa. Consequentemente, ele diz, “Portanto não sejais seus companheiros” (v. 7).





[1]   N. do T.: Eutrapelia – brincadeiras vulgares e obscenas
[2]  N. do T.: Morologia – divertir alguém com gracejos, expondo outros a desprezo – “o bobo da corte”

sábado, 11 de agosto de 2018

Perdoar uns aos outros em vez de estar irado, injurioso e malicioso


Perdoar uns aos outros em vez de estar irado, injurioso e malicioso

. 32 – Outra característica do “novo homem” é que não guardamos rancor. Sendo recebedores da “graça” de Deus, ela leva-nos a agir com os outros como Ele agiu conosco. Tendo recebido perdão eterno de Deus, nós devemos manifestar o mesmo espírito de perdão com outros que agiram conosco numa maneira amarga e irada (v. 32). De novo, o Senhor Jesus manifestou perfeitamente este espírito. Quando a nação O rejeitou pregando-O numa cruz, Ele disse, “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23:34).


Benignidade e compaixão em vez de amargura e ira


Benignidade e compaixão em vez de amargura e ira


Vs. 31-32 – Devem ser também “tiradas” de nossas vidas “toda a amargura, e ira, e cólera” etc. Tudo isso deve ser substituído com benignidade e compaixão. Ninguém exemplificou isso melhor do que o próprio Senhor. Quando o pobre leproso veio ao Senhor, Ele ficou “movido de grande compaixão” e “estendeu a mão e tocou-o” (Mc 1:41). Essa poderia ter sido a primeira vez, durante anos, que alguém tenha tocado aquele homem.

Falar com graça aos outros em vez de usar comunicação corrupta


 Falar com graça aos outros em vez de usar comunicação corrupta

Vs. 29-30 – O que caracteriza o mundo pelo qual o crente passa é “palavra torpe”. Algumas pessoas mal conseguem falar sequer uma frase sem usar linguagem corrupta. Como um perceptível contraste, Cristãos devem falar com palavras graciosas para todos com quem interagem. Novamente o Senhor é nosso exemplo. Todos que O ouviam “se maravilhavam das palavras de graça que saíam da Sua boca” (Lc 4:22).

                   Definitivamente não devemos entristecer “o Espírito Santo de Deus” que habita em nós com as coisas que falamos e fazemos (v. 30). Ele é uma Pessoa Divina com sentimentos, e quando fazemos algo que Ele não nos dirigiu a fazer, Ele é entristecido. Versículo 31 nos dá exemplos do que O entristeceria. Em outros lugares nos é dito “não extingais” o Espírito (1 Ts 5:19), o que significa não permitir o Seu trabalho em nós como Ele queria. Entristecer e extinguir, assim, são opostos. Entristecer o Espírito é fazer algo que Ele não nos levou a fazer, e extinguir o Espírito é não fazer algo que Ele queria que fizéssemos. Como o Espírito nos selou “para o dia da redenção” pela Sua habitação em nós, devemos ser cuidadosos em andar conforme o divino Convidado que temos em nós. Tudo que Deus está fazendo está na direção do dia que seremos livres (o significado de redenção) da presença e poder do pecado, para que possamos ser usados para mostrar a glória de Cristo.

Dar aos outros em vez de roubar deles


DAR AOS OUTROS EM VEZ DE ROUBAR DELES


V. 28 – Nós devemos dar aos outros em vez de roubar deles. Roubar pode ter sido um modo de vida de alguns naqueles dias, antes de terem se convertido, mas agora eles deveriam estar preocupados de não apenas não tomar dos outros, mas dar aos outros. No Cristianismo nós devemos trabalhar com nossas mãos, não meramente para atender nossas necessidades diárias, mas para exceder nelas, para que tenhamos algo para dar aos outros. Isso mostra que uma das características do “novo homem” é o genuíno cuidado e a preocupação com os outros, provados em doação sacrificial. O Senhor Jesus perfeitamente exemplificou isto em Sua vida. Ele nos ensinou, pelo exemplo, que “mais bem-aventurada coisa é dar do que receber” (At 20:35).

Justa ira contra o mal em vez de indiferença a ele


Justa ira contra o mal em vez de indiferença a ele


Vs. 26-27 – Deveria haver uma justa ira inabalável contra o mal, em vez de indiferença a ele. Há dois tipos de ira nestes versículos: uma é correta e apropriada e a outra não. O versículo 26 está falando de justa ira, que não é pecado, mas o versículo 31 está falando sobre ira carnal, a qual não é nada mais senão pecado.
                   É dito no versículo 26: “irai-vos”. Isto não poderia ser algo pecaminoso, pois Deus jamais nos diria para fazer algo mal. É dito que o próprio Deus está irado desta maneira. O salmo 7:11 diz: “Um Deus que Se ira todos os dias” (Veja também 1 Rs 11:9). Esse tipo de ira a que Paulo está se referindo é, claro, a justa indignação contra o mal. Similarmente, o Salmista disse, “Não aborreço eu, ó Senhor, aqueles que Te aborrecem, e não me aflijo por causa dos que se levantam contra Ti? Aborreço-os com ódio completo” (Sl 139:21-22). O Senhor Jesus, que é perfeito e sem pecado, ficou irado quando Ele viu bênção sendo impedida ao povo necessitado (Mc 3:5, 10:14). Paulo acrescenta, “não pequeis”, porque precisamos estar atentos para que o que começa como uma justa ira não termine em furor carnal.
                   Alguns, ao lerem: “Não se ponha o Sol sobre a vossa ira” pensam que Paulo estaria dizendo que não devêssemos ir para a cama irados, mas resolver as coisas em nossa alma, diante do Senhor, pelo julgamento próprio, no mesmo dia que elas acontecem. Contudo, aqui não está falando do Sol se pôr literalmente; é linguagem figurativa que fala de manter a justa ira viva. Não podemos permitir que nossa justa ira contra o pecado diminua, senão nos tornaremos indiferentes ao mal. A figura é tomada de Js 10:12-14, quando ele clamou a Deus para manter o Sol brilhando até que os exércitos de Israel tivessem executado o juízo em seus inimigos. O ponto da exortação é que nunca devemos nos tornar complacentes com o mal. Devemos ter sempre uma ira saudável, eterna e justa contra o mal. De novo, o Senhor Jesus é um exemplo disso. Ele mostrou justa ira no templo em relação aos comerciantes. Duas vezes Ele expulsou os comerciantes: uma vez no começo do Seu ministério (Jo 2:14-17) e outra vez no final da Sua vida (Mt 21:12-13). Sua atitude em relação a esse pecado não havia diminuído.
                   No versículo 27, Paulo acrescenta que precisamos ser cuidadosos de não dar “lugar ao diabo”. Isto acontece quando deixamos nossa ira contra o pecado diminuir. Indiferença pelo mal de qualquer tipo abre a porta para o diabo trabalhar em nossas vidas.

Honestidade em vez de falsidade


Honestidade em vez de falsidade


V. 25 – Deveria haver honestidade em vez de falsidade. A versão KJV (e as em português também) traduz isso como “deixai a mentira”, mas esta palavra é muito restrita. Seria melhor se traduzido como “falsidade”. Isto inclui tudo que é falso e desonesto, não apenas nossas palavras. É tão fácil viver uma mentira em nossas vidas, como o é contar uma mentira com nossas línguas. Ananias e Safira ilustram isto. Ele viveu uma mentira; ela contou uma mentira (At 5:1-10).
                   Esta transparência de um caráter honesto foi vista por toda a vida do Senhor. Ele poderia legitimamente dizer que era “isso mesmo que já desde o princípio vos disse” (Jo 8:25). A tradução da nota de rodapé da versão JND diz: “Seu discurso apresentava a Si mesmo como sendo a verdade”.

Exortações Baseadas no Fato que Fomos Despidos do “Velho Homem” e revestidos do “Novo Homem”


Exortações Baseadas no Fato que Fomos Despidos do “Velho Homem” e revestidos do “Novo Homem”

Todos os crentes no Senhor Jesus Cristo, foram despidos do “velho homem” e revestidos do “novo homem”, mas isto não significa que não precisamos ser exercitados sob estas coisas. Cada verdade doutrinal devia produzir um comportamento prático em nossas vidas. Os versículos que se seguem neste capítulo mostram que o crente não é mais para manifestar as características do velho homem em sua vida, mas sim, aquelas do novo homem. Este é o ponto da exortação de Paulo aqui.
                   Enquanto não estamos mais “na carne” (Rm 7:5, 8:8-9), a carne ainda está em nós e operará se não andarmos no Espírito. Se operar, manifestará as características horríveis do velho homem. Significa que, definitivamente, precisamos ser exercitados quanto a demonstrar as características do novo homem, e isso requer andar no poder do Espírito de Deus não entristecido (v. 30).

                   A ênfase da exortação de Paulo nos versículos restantes de Efésios 4 é que coloquemos em prática o que é verdade de fato. Se fomos despidos do “velho homem” e revestidos do “novo homem”, então coloquemos um fim naquele velho estilo corrompido de vida e vivamos segundo o que caracteriza o novo homem. Paulo menciona uma série de transformações que deveriam naturalmente resultar na vida do crente ao andar em “verdadeira justiça e santidade”. Se estudamos a vida do Senhor, seremos “n’Ele ... ensinados, como está a verdade em Jesus”. Cada uma destas características que marca a nova ordem de humanidade foi vista n’Ele em perfeição.

O “Velho Homem” e O “Novo Homem”


O “Velho Homem” e O “Novo Homem”

Vs. 22-24 – Para que possamos manifestar as características morais de Cristo neste mundo, devemos primeiramente entender certas verdades no que diz respeito ao “velho homem” e ao “novo homem”. Por isso, o apóstolo fala disto antes de exortá-los a ter uma vida consistente com seu chamado.
                   O “velho homem” é um termo encontrado em três lugares nas epístolas de Paulo – Romanos 6:6; Efésios 4:22; Colossenses 3:9. Não é a carne, mas um termo abstrato que descreve o corrupto estado ou condição da raça caída de Adão. O velho homem é a incorporação de cada característica horrível que marca a raça do homem caído.
                   Romanos 6:6 diz: “Sabendo isto, que o nosso homem velho foi com Ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito [anulado – JND], para que não sirvamos mais ao pecado”. Aprendemos com isso que Deus julgou o velho homem na cruz de Cristo (Rm 8:3). Não só o nosso velho homem foi julgado na cruz, mas estes versos em Efésios 4 nos dizem que, como parte de nossa confissão Cristã, despimos o velho homem e vestimos o novo homem. Ao fazer a profissão de ser Cristão, confessadamente nos dissociamos de tudo do velho homem e nos identificamos com tudo do novo homem.
                   Infelizmente, a versão KJV (assim como as versões em português), traduz os versículos 22-24 como se o se despir do velho homem e o se revestir do novo fosse algo que devamos fazer em nossas vidas. Contudo, isto não é um exercício Cristão; é algo que nós fizemos ao tomar nossa posição com Cristo. O versículo 22 devia ser lido: “o fato do seu despojamento, de acordo com o trato anterior, do velho homem” (JND). E versículo 24 deveria ser lido, “e vosso revestimento do novo homem” (JND).
                   O “velho homem” é um termo frequentemente usado como um sinônimo para “a carne” (nossa natureza pecaminosa caída) pela maioria dos Cristãos. Mas isto é incorreto. J. N. Darby observou, “O velho homem está sendo habitualmente usado como a carne, incorretamente.” Quando olhamos as Escrituras com cuidado, vemos claramente que o velho homem e a carne não são a mesma coisa e, portanto, não podem ser usados de forma intercambiável. Se o “velho homem” fosse a carne, então esta passagem estaria nos dizendo que fomos despidos da carne – que não temos mais a natureza pecaminosa em nós! Isto claramente não é verdade. Além disso, nunca é dito que o “velho homem” está em nós, mas a carne certamente está. F. G. Patterson disse, “Nem eu acho que a Escritura nos deixará dizer que temos o velho homem em nós – enquanto ensina mais plenamente que temos a carne em nós até o fim”.
                   Nem é correto dizer que o “velho homem” tem apetites, desejos, e emoções, como a carne tem. Muitas vezes Cristãos dirão coisas como: “O velho homem em nós deseja aquelas coisas que são pecaminosas”. Ou: “Nosso velho homem quer fazer esta ou aquela coisa má...”. Tais declarações estão confundindo o velho homem com a carne. H. C. B. G. disse: “Eu sei o que um Cristão pensa quando, ao perder a paciência, diz ser o ‘velho homem’, embora a expressão esteja errada. Se ele dissesse que era ‘a carne’, ele teria sido mais correto”.
                   Também acrescentaríamos que o “velho homem” não é Adão pessoalmente, mas o que é característico da raça caída sob ele. Para perceber o velho homem mais claramente devemos olhar a raça caída como um todo, pois é improvável que alguma pessoa fosse marcada por todos os traços que caracterizam aquele estado corrompido. Quando tomamos a raça como um todo, vemos todas as características horríveis que compõe o velho homem.
                   O “velho homem”, portanto, não é algo vivo no crente com apetites, desejos, e emoções, mas sim, é um termo abstrato descrevendo o estado corrompido da raça caída do homem, que Deus julgou na cruz, e o crente professamente foi despido dele ao se identificar com o testemunho Cristão.
                   O “novo homem” também é um termo abstrato. Denota a nova ordem de perfeição moral na nova raça de criação sob Cristo. Talvez pudéssemos dizer que o novo homem é o novo estado que caracteriza a nova raça de homens sob Cristo. O velho homem é caracterizado por “corrupção” e “engano”, mas o novo homem é caracterizado por “justiça” e “santidade”.
O “novo homem” não é Cristo pessoalmente, mas é Cristo caracteristicamente. Esta nova ordem moral do homem, primeiro foi vista em “Jesus”, quando Ele andou aqui neste mundo (v. 21), e agora marca todos na nova raça de criação sob Cristo que andam no Espírito. A nova raça sob Cristo não teve seu começo até Ele ter ressuscitado dos mortos para ser Cabeça dessa nova raça. Como “O Primogênito dentre os mortos” (Cl 1:18), Ele enviou o Espírito de Deus ao mundo para ligar os crentes (“muitos irmãos”) a Si mesmo (Rm 8:29). Agora eles são da mesma ordem de humanidade como Ele mesmo (da mesma “espécie” – Gn 1:21, 24-25). Neste sentido, somos “todos de um” com Ele nesta nova raça (Hb 2:10-13). O “novo homem”, portanto, é um termo que denota as características morais da nova raça de homens sob Cristo.
                   Já que o “novo homem” é formado de acordo com a imagem daqu’Ele que o criou (Cl 3:10), sendo parte da nova raça da criação, somos totalmente capazes de agora representar Cristo aqui neste mundo. Como Cristãos, as características do novo homem devem ser vistas em nós, e serão quando andarmos no Espírito (Gl 5:16). Em Colossenses 3:12-15, Paulo menciona dez características morais do novo homem, que é como os santos devem ser vistos diante do mundo. Essas coisas são as características morais de Cristo. Quando elas são vistas nos santos ao se moverem juntos de forma coletiva, a verdade de “Cristo em vós, a esperança da glória” será manifestada diante do mundo (Cl 1:27):
  •  “Compaixão” (Mt 14:14; Mc 1:41).
  •  “Bondade” (Ef 4:32).
  •  “Humildade” (Mt 11:29).
  •  “Mansidão” (Mt 11:29).
  •  “Longanimidade” (Hb 12:3).
  •  “Paciência” (Mt 26:63; Jo 19:9).
  •  “Perdão” (Lc 23:34).
  •  “Amor” (Jo 13:1).
  •  “Paz” (Jo 14:27).
  •  “Gratidão” (Mt 11:25).