Cap.
5:15-22 – O apóstolo passa a falar da necessidade de andar em sabedoria. Ele diz:
“Portanto, vede prudentemente [cuidadosamente
– ATB] como andais, não como néscios,
mas como sábios”. Nossa sabedoria será vista em “Remindo o tempo [as oportunidades – AIBB]” e andando na “vontade do
Senhor”. Paulo dá a razão para isso: “porquanto
os dias são maus”. A sabedoria
nos incumbiria de aproveitar cada oportunidade para obter um entendimento do
que “seja a vontade do Senhor”, que
essencialmente é a verdade, e é revelada no Mistério em sua aplicação prática. Ele
quer que conheçamos Sua vontade para que possamos inteligentemente promover a “dispensação de Deus” (ATB) neste
presente tempo (1 Tm 1:4). Não só devemos aproveitar as oportunidades para aprender
a verdade, mas também para servir o Senhor. Uma vez que são poucas as
oportunidades de trazer homens à luz, devemos aproveitar cada ocasião que surge
e usá-la com sabedoria.
V. 18 – Paulo avisa que se
descuidadamente deixarmos passar tais oportunidades, nossas vidas podem ser
rapidamente desperdiçadas na busca de coisas terrenas e mundanas, que não têm
qualquer valor eterno. Há um real perigo de intoxicação com essas coisas ao
ponto de perdermos nosso discernimento. O caso extremo de mundanismo é de se embriagar “com vinho, em que há contenda”. Em
contraste com isso, ele nos exorta a nos encher “do Espírito”. O apóstolo quer que notemos que, assim como uma
pessoa embriagada está totalmente sob o controle do álcool que está dentro dele
– o que fica evidente pelas suas ações – assim também o crente deveria estar
sob o controle do Espírito de Deus que habita nele – e isso ficará evidente em
sua vida.
Estar “cheio” do Espírito (cap. 5:18) não é o mesmo de ser “selado” com o Espírito (cap. 1:13). Todos
os Cristãos são selados com o
Espírito, mas nem todos os Cristãos estão cheios
do Espírito. Isso porque uma coisa é ter
o Espírito Santo habitando em nós e outra, completamente diferente, é Ele estar enchendo-nos e assim nos
controlando cada movimento de nossas vidas. Um crente é selado uma vez, quando crê no evangelho da sua
salvação, mas ele pode ser cheio muitas
vezes. Não há exortação nas Escrituras para ser selado com o Espírito, mas
há a exortação de nos enchermos com aqu’Ela divina Pessoa. Isso não significa
que precisamos ter mais do Espírito (porque Deus não dá o Seu Espírito “por medida” – Jo 3:34), mas sim que o Espírito precisa ter mais de nós. Precisamos
ser mais permissivos a Ele, e deixá-Lo encher e controlar cada aspecto de
nossas vidas. Isso envolve uma condição de entrega suprema a Cristo como
Senhor.
Temos exemplos de discípulos,
no início da Igreja, sendo cheios com o Espírito, como registrado no livro de Atos
(At 2:4, 4:8, 31, 7:55, 13:9), e podemos estar inclinados a pensar que isso é
uma experiência excepcional e acima de qualquer coisa que poderíamos esperar
hoje em dia. Mas é evidente, nesse versículo 18, que é algo que deveríamos desejar
e focar na nossa vida Cristã. Definitivamente isto está ao alcance de cada
Cristão, de outra forma, não haveria essa exortação.
Vs. 19-21 – Quando um Cristão
está “cheio do Espírito”, será
encontrado regozijando-se e falando com os outros com “salmos e hinos, e cânticos espirituais” (v. 19). Estes são três diferentes tipos de composições
Cristãs que expressam pensamentos e sentimentos espirituais no que diz respeito
ao Senhor, à verdade e ao caminho que trilhamos.
“Salmos”
não são, como alguns Cristãos pensam, os Salmos do Velho Testamento. Se fossem eles,
o Espirito de Deus teria acrescentado o artigo “os” antes da palavra “Salmos”,
como faz em outras passagens da Escritura quando Se refere a eles (Lc 24:44; At
13:33). Estes salmos são composições que são baseadas em experiências Cristãs, pelas
quais passamos por andar com o Senhor.
Os Salmos do Velho Testamento
são composições judaicas expressando experiências e sentimentos judaicos; não estão
num cenário Cristão e não transmitem corretamente conhecimento e sentimentos
Cristãos. Por exemplo, o nome do Pai, que é característico do Cristianismo, não
é conhecido neles. Por isso, a vida eterna não está em vista nos Salmos. Além
disso, a obra consumada de Cristo não é conhecida nos Salmos, nem a aceitação
do crente em Cristo diante de Deus pela habitação do Espírito. Os Salmos do Velho
Testamento não retratam os sentimentos de alguém que tem uma consciência
purificada e conhece a paz com Deus.
Consequentemente, eles são compostos
com um elemento de temor do julgamento de Deus, apesar de terem fé. Além disso,
a esperança nos Salmos não está no céu, mas em viver na Terra no reino do Messias
de Israel. (Sl 25:13, 37:9, 11, 29, 34 etc.). A adoração também é a de uma
ordem judaica, num templo terrenal; a posição de um Cristão adorando dentro do
véu é totalmente desconhecida neles. Além do que o clamor, em muitas das
orações nos Salmos, é para vingança sobre seus inimigos, o que não é a atitude
de um Cristão que bendiz aqueles que o maldizem e ora por aqueles que o maltratam.
Os Salmos do Velho Testamento não são para serem lidos como a expressão dos pensamentos
e experiências Cristãs normais. Podemos lê-los para obter um entendimento das circunstâncias
do remanescente judeu na Tribulação vindoura, e também podemos coletar
princípios morais de Deus neles, que são aplicáveis aos santos de todas as
épocas.
“Hinos”
são composições que expressam adoração e se dirigem a Deus, o Pai, e ao Senhor
Jesus Cristo diretamente. Estes podem tomar a forma de orações.
“Cânticos
espirituais” são composições que contêm
verdades espirituais de acordo com a revelação Cristã, pelas quais somos
instruídos e exortados no caminho Cristão. Eles podem agir “ensinando-vos” algum aspecto da verdade ou “admoestando-vos” quanto a algum ponto prático da vida Cristã (Cl
3:16).
O estar cheio “com o Espírito” não só é evidenciado
em Cristãos “cantando e salmodiando”
com seus corações (v. 19), mas também ao serem encontrados “dando graças” em todas as circunstâncias em que se encontram (v.
20). Também se manifestará quando alegremente estiverem se “sujeitando” uns aos outros e andando juntos em unidade (v. 21).