FILIAÇÃO COM O PAI
1)
O apóstolo se regozija pelo lugar que temos como filhos em relação “ao Pai” (vs. 4-7).
V. 4 – Deus nos “escolheu” para um lugar de “filiação” em Sua família.
Filiação é a mais elevada bênção
individual conferida que uma criatura tem em relação a Deus. A frase “filhos de adoção” (KJV e as em português)
deveria ser traduzida como “filiação”
(v. 5). A palavra em grego significa
“filho-lugar”, e se refere ao ato de
Deus nos estabelecer perante Si mesmo no mesmo lugar do Seu próprio Filho. Não
há lugar mais elevado do que esse! Nós estamos colocados nessa posição como uma
presente bênção por meio da habitação do Espírito Santo (Gl 4:6; Rm 8:15).
Deus poderia ter nos colocado
no lugar privilegiado dos anjos eleitos, ou mesmo nos ter elevado à eminente posição
de um arcanjo, mas Ele escolheu nos dar um lugar muito mais exaltado e mais abençoado
do que esse – Ele nos colocou no lugar do Seu próprio Filho! Filiação é uma posição
na família de Deus que tem sido reservada para aqueles que são salvos durante
este presente tempo, pelo chamado do evangelho, e selados com o Espírito Santo.
Abraão, Isaque e Jacó, e todos os santos do Velho Testamento fazem parte da
família de Deus como Suas crianças, e
são maravilhosamente abençoados como tais, mas eles não têm este lugar favorecido
de filhos (Gl 4:1-7). Como parte da
família de Deus, os Cristãos são “crianças
de Deus” (Rm 8:16), mas eles também são “filhos de Deus” (Rm 8:14).
Outra coisa que aprendemos
com o regozijo de Paulo pelas nossas bênçãos em Cristo é que a filiação é algo para
o qual Deus nos escolheu “antes da
fundação do mundo”. Nós fomos “eleitos
[escolhidos]” e “predestinados” para
o lugar mais próximo possível de relacionamento com Deus que uma criatura
poderia ter! Escolhido (eleito) é ser
selecionado (v. 4), e predestinado é
para o que fomos selecionados (v. 5). O primeiro tem a ver com pessoas; o segundo tem a ver com o lugar que Deus tem para essas pessoas. Como
Deus terá filhos diante d’Ele na posição de Seu próprio Filho, eles precisam
estar em uma condição na qual eles sejam como Ele.
Deus é “santo” em Seu caráter, e “irrepreensível”
em Seus caminhos. Portanto, Ele propôs ter crentes nessa mesma condição e nesse
lugar de bênção.
Deus escolheu esta bênção de
filiação para os crentes no Senhor Jesus Cristo “segundo o beneplácito [bom
prazer – JND] de Sua vontade”. Assim,
traz satisfação ao Seu coração o ter uma companhia de filhos diante d’Ele em
glória com o Seu próprio Filho amado. Enquanto Deus abençoa todos os que são de
Sua família, Ele é Soberano e pode conceder um favor especial a alguns em Sua
família acima dos outros, se assim Ele quiser. Isto é o que Ele fez escolhendo
os crentes da presente dispensação (Cristãos) para filiação. Existem quatro lugares principais nas Escrituras
onde a filiação é mencionada; cada referência considera um aspecto diferente
desta grande bênção Cristã:
- Gálatas 4:1-7 enfatiza a posição privilegiada que temos acima de todos os outros na família de Deus.
- Romanos 8:14-15 enfatiza a liberdade especial que temos diante de Deus, sendo capazes de nos dirigir a Ele intimamente clamando “Abba, Pai”. Essa é a mesma liberdade que o Senhor Jesus teve (Marcos 14:36).
- Efésios 1:3-10 enfatiza as bênçãos e entendimento superiores que temos quanto ao propósito de Deus, que até o dia atual foi mantido em segredo no “Mistério”.
- Hebreus 2:10-13 enfatiza a dignidade que temos, por meio de sendo identificado com Cristo, como Seus “irmãos” na raça da nova criação – Cristo sendo o Cabeça da raça, como o “Primogênito” (Ap 3:14; Rm 8:29; Cl 1:18).
A
grande bênção da filiação é compartilhar:
- O lugar de favor do Filho (Ef 1:6).
- A vida do Filho – a vida eterna (Jo 17:2).
- A liberdade do Filho diante do Pai (Rm 8:14-16).
- A herança do Filho (Rm 8:17).
- A glória do Filho (Rm 8:18; Jo 17:22).
Este lugar no qual estamos diante
de Deus é uma posição de “favor no
Amado” (v. 6 – JND). Nós temos isso por causa da nossa conexão com Cristo,
o Filho do Seu amor (Cl 1:13). Isso vai além de ser “Aceito” (como a KJV traduz o versículo 6 ou “agradável” como a ARC) e denota possuir a afeição do Pai de uma
maneira especial.
V. 7 - Além disso, essa
grande bênção é baseada na obra de “redenção”
de Cristo, que teve como resultado os crentes recebendo “a remissão das ofensas [o perdão
dos pecados]”. O fato de a redenção ser mencionada no eterno propósito de
Deus demonstra que a entrada do pecado e a queda do homem (Gn 3) não foram uma
surpresa para Ele. Redenção, então, não é um “plano B” de Deus.
As “riquezas da Sua graça” (v. 7) enfatizam o quão baixo Ele desceu para nos salvar. A “glória da Sua graça” (v. 6) enfatiza o
quão alto Ele chegou para nos colocar
no lugar de Cristo. Não é surpresa que o apóstolo tenha dito: “Para louvor da glória da Sua graça”!
(ATB) Estas duas coisas são ilustradas em Lucas 15, no pai recepcionando o seu
filho. Cobrindo o pródigo com beijos ilustra “as riquezas da Sua graça” e vestindo-o com a melhor roupa,
sandálias nos pés, anel na mão e dando-lhe um lugar de filho em sua casa
ilustra “a glória da Sua graça”.
Portanto, nesses versículos temos
três grandes coisas em relação ao Pai: Ele
nos “elegeu [escolheu – ATB]” (v. 4),
Ele nos “predestinou” (v. 5), e Ele
nos “trouxe a favor” (JND) ao mesmo
lugar do Seu próprio Filho amado (vs. 5-6).
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